Fonte: Notícia publicada no site da Cáritas Brasileira (www.caritasbrasileira.gov.br)

O sonho de 25 mulheres cearenses virou caso internacional depois que Maria das Graças Lima saiu do aeroporto internacional Pinto Martins, em Fortaleza, com destino a capital do Peru. Ela foi uma das 39 pessoas, de 15 países da América Latina e do Caribe, que participaram, entre os dias 16 e 20 de junho deste ano, do seminário-oficina sobre experiências exitosas de economia solidária com mulheres e jovens.

Evento convocado pelo Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e pelo Secretariado Latino-Americano da Cáritas (Selacc).

O objetivo do seminário era analisar fatores de êxito das experiências gestionadas por mulheres e jovens na região, estabelecer linhas de trabalho para promovê-las e apoiar sua organização em rede, a partir das instâncias da pastoral social. Dona Graça, como é conhecida no Parque Santo Antônio, comunidade do grande Mondubim, levou em sua bagagem a história da criação e da luta da Associação das Mulheres em Ação (AMA), fundada em 1999, e trouxe uma constatação animadora.

“As experiências de economia solidária estão quase todas no mesmo nível”, atesta com satisfação. Havia certo destaque para a experiência das cearenses porque a maioria das iniciativas apresentadas eram ligadas à produção agropecuária. Em Fortaleza, as mulheres trabalham fundamentalmente com artesanato: são bonecas, costuras, crochê, bordados, pintura em tecido e madeira, bolsas, peças íntimas, trabalhos inclusive com material reciclado (retalhos e fuxicos).

No mês de agosto de 2007, com o apoio da comissão de Economia Popular e Solidária (EPS) da Cáritas Brasileira no estado, uma parte delas fundou a Bodegama, espaço informal de gestão coletiva com o objetivo de comercialização da produção da AMA. Com isso, foi possível se articular com a Bodega de Aracati para o intercâmbio de produtos e agora elas também trabalham com agricultura familiar.

O processo é simples, a prestação de contas é feita mensalmente e o recurso é dividido conforme a venda de cada pessoa. Mas alguns problemas são marcantes nas experiências de economia solidária e na AMA não é diferente. Com a construção do espaço de comercialização, apenas 12 mulheres se integraram à nova proposta. “Nem todas conseguem cumprir a norma de trabalho e participação”, conta dona Graça. Trazer novas pessoas para se consorciar à Bodegama é um dos principais desafios.

Mas conseguir recursos para estruturar o espaço de trabalho ainda é, para dona Graça, o maior problema. Só será possível ampliar a comercialização e a produção, bem como romper os limites do baixo poder aquisitivo da comunidade local, quando esta questão for superada.

Continuidade

O seminário-oficina promovido pela Celam é um desdobramento da sua 5ª Conferência Episcopal, realizada em maio de 2007, em Aparecida (SP). O tema naquele ano foi “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida” e o documento final apontava para a importância das experiências em economia solidária como espaços de trabalho e participação popular.

O texto trazia que a “Igreja Católica na América Latina e no Caribe, apesar das deficiências e ambigüidades de alguns de seus membros, tem dado testemunho de Cristo, anunciado seu Evangelho e oferecido seu serviço de caridade principalmente aos mais pobres, no esforço por promover sua dignidade e também no empenho de promoção humana nos campos da saúde, da economia solidária, da educação, do trabalho, do acesso à terra, da cultura, da habitação e assistência, entre outros”.

Em outra parte, indicava a necessidade de “apoiar a participação da sociedade civil para a re-orientação e conseqüente reabilitação ética da política. Por isso, são muito importantes os espaços de participação da sociedade civil para a vigência da democracia, uma verdadeira economia solidária e um desenvolvimento integral, solidário e sustentável”.

Mais informações:

Bodegama – Associação das Mulheres em Ação (AMA) Rua Joaquim Alfredo, 918 – Parque Santo Antônio Fortaleza-CE – Brasil – CEP: 60.764-190 telefone: +55 85 3296.6455 e-mail: budegama@gmail.com

Texto de Marcelo Inácio de Sousa – Comunicador social da Cáritas Brasileira Regional Ceará.