Fonte: www.adital.com.br

Discutir a elaboração de políticas públicas voltadas ao Microcrédito, à Economia Solidária e à Segurança Alimentar. Foi com esse objetivo que foi realizado, de 23 a 25 de junho, o I Seminário do Laboratório de Estudos de Políticas Públicas (LEPP), na Universidade Federal do Ceará (UFC). Paralelo à VII Semana de Economia Doméstica da UFC, o evento reuniu pesquisadores, acadêmicos, representantes do governo e de movimentos sociais, na tentativa de ampliar o debate sobre esses temas.

Na mesa “Desenvolvimento no Ceará: Microfinanças e Microcrédito”, os participantes fizeram exposições sobre as experiências vivenciadas no Estado, entre elas, a do Banco Palmas (CE), banco comunitário que atua há dez anos no bairro Palmeiras, em Fortaleza.

Representando as instituições financeiras que trabalham com microcrédito, o gerente do Ambiente de Microfinanças do Banco do Nordeste, Marcelo Azevedo, relatou a experiência do Crediamigo, programa de Microcrédito Produtivo Orientado do BNB. Atendendo toda a região Nordeste, o norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e a cidade de Brasília, o programa é voltado para pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvem atividades produtivas de pequeno porte.

“Além do crédito, o banco oferece um acompanhamento por meio de um assessor que presta orientações sobre o aproveitamento dos recursos”, afirma Azevedo. Os empréstimos vão de R$100 a R$10.000. Segundos dados da instituição, 3% dos clientes são analfabetos e 64% possuem até oito anos de estudo; 40% estão na faixa etária de 36 a 50 anos; e 60% têm renda familiar até R$ 1.000.

Segundo o gerente, outro ganho do empreendedor foi a sua “bancarização”, pois todos acessam conta corrente e outros benefícios financeiros como seguros. “Ao longo desses dez anos, o programa obteve muitos resultados. Um estudo realizado sobre a renda dos clientes mostrou que muitos deles conseguiram sair da linha de pobreza em que viviam. Portanto, nosso maior objetivo continua sendo melhorar a renda das pessoas e o microcrédito, aliado a outros fatores, pode contribuir para isso”, ressalta Azevedo.

Na mesa “Cultura, Desenvolvimento e Economia Solidária”, foram abordados os limites e desafios da EcoSol no Ceará. Também foram temas da mesa os sentidos conferidos ao termo Economia Solidária, a oposição entre a EcoSol e a economia capitalista, além de políticas públicas relacionadas a esse novo tipo de economia.

“A Economia Solidária no Ceará e no Brasil funciona como um mecanismo eficiente de geração de renda para os mais pobres e uma via de acesso para construir uma nova economia, uma nova sociedade”, afirma Alicia Ferreira, professora do Mestrado de Avaliação em Políticas Públicas da UFC.

Segundo a professora, a Universidade pode contribuir na discussão desses temas: “Os departamentos de Educação, Ciências Sociais e Economia Domésticas já estão começando a fazer isso. Os estudantes estão saindo a campo para fazer pesquisas empíricas qualitativas. Isso servirá para dar subsídios na elaboração de políticas públicas”. Outra possibilidade seria a realização de cursos de Extensão voltados para os movimentos sociais.

As matérias sobre Economia Solidária da Adital são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.