Fonte: www.adjorisc.com.br

Hoje o secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, Paul Singer, e o gerente de Renda da Fundação Banco do Brasil, Jorge Streit, discutem o tema da inclusão digital e sua relação com a economia solidária e as políticas públicas, durante o II Encontro de Estações Digitais. O evento, promovido pela Fundação Banco do Brasil, em Luziânia/GO, a 65 km de Brasília, reúne educadores do programa de inclusão digital realizado pela instituição desde 2004. Hoje, mais de 200 municípios brasileiros contam com 243 unidades instaladas.

Às 14h30, Paul Singer e Jorge Streit realizam o painel sobre “Economia Solidária: uma construção alternativa ao mercado”. Às 17h, Singer profere palestra sobre economia solidária e os desafios da comercialização. O objetivo é promover um debate que vá além da difusão e democratização das tecnologias da informação e comunicação no país, fortalecendo o seu uso em rede, de forma coletiva, em busca da troca de informação e da possibilidade de aliar tais ferramentas à economia solidária e ao aumento da geração de emprego e renda. De acordo com o presidente da Fundação BB, Jacques Pena, o encontro é um espaço privilegiado para provocar reflexões sobre como as estações digitais podem contribuir nesse sentido.

Intercâmbio – Mais do que sotaques diferentes de todo o Brasil, o que chama a atenção dos quase 200 educadores sociais que participam do encontro, é a chance de poder compartilhar experiências diferentes e aprender com os erros e acertos de cada um.

Para Neuza Neuza Ramos Wagner, da Estação Digital Ilha da Lagoa, em Santo Antônio da Patrulha (RS), cada sugestão tem um sabor especial. A ED gaúcha voltou a funcionar em março último, depois de um ano sem funcionamento, após ter sido destelhada e ter o servidor queimado durante um temporal. Agora, todos querem recuperar o tempo perdido com novos projetos. O primeiro deles são cursos de capacitação para pessoas que vão atuar em ações de inclusão digital nas cidades próximas. “É uma troca muito rica de experiência e cultura e, assim, a gente vê o que pode fazer para melhorar”, diz.

Já para Onésio Cordeio Sobrinho, coordenador da ED de Santa Tereza, distrito de Tauá, novidades nunca param de surgir. Formado em pedagogia, ele usa a estação digital com foco na educação e na capacitação profissional dos estudantes, a maioria com idades entre 7 e 10 anos. Apesar de funcionar sem internet, a ED de Santa Tereza tem atividades variadas. “Oferecemos cursos de inglês, de digitação, de planilhas”.

É para garantir o aprendizado de todos, que Onésio criou suas próprias apostilas, nas quais insere conceitos da pedagogia, como o planejamento das aulas, e adapta a linguagem técnica da informática à linguagem popular. “Posso fornecer o material para todo mundo por e-mail”, diz.

De acordo com o gerente de Educação da Fundação Banco do Brasil, Marcos Fadanelli Ramos, o encontro, realizado de dois em dois anos, serve para que as pessoas se sintam parte de uma rede e possam, assim, aprender umas com as outras. “Vamos lançar o desafio de que cada um implante uma melhoria e uma inovação na estação digital de origem. Se conseguirmos, o resultado final será um número muito expressivo de mudanças”, diz.

Economia Solidária – A Estação Digital de Caicó, no Rio Grande do Norte, já está conseguindo resultados. Em 2005, a unidade foi inaugurada na Cooperativa das Bordadeiras do Seridó, que reúne cinco associações da região, permitindo que o trabalho das mulheres cooperadas seja divulgado e, conseqüentemente, gerando um volume maior de vendas.

Segundo Otaviano Francisco de Araújo, educador social e coordenador da ED, a unidade também já alcançou a sustentabilidade. Para ele, o II Encontro Nacional das Estações Digitais, proporciona o entrosamento com os demais educadores, permitindo a troca de experiências e contatos.

Os educadores sociais são pessoas das comunidades, que têm como função promover a difusão das tecnologias da informação e comunicação. Para atuar nas estações eles recebem uma bolsa-auxílio para realizar cursos de capacitação em informática para a comunidade e orientá-la na utilização da internet e dos serviços eletrônicos. Participam do programa os mais diversos públicos: agricultores familiares, quilombolas, populações ribeirinhas, catadores de recicláveis, entre outros.

Programação – O evento acontece desde segunda-feira 16 no centro de treinamento da Confederação Nacional de Trabalhadores da Indústria (CNTI). A abertura do encontro teve a participação de Jacques Pena, presidente da Fundação Banco do Brasil, de Cristina Mori, do Ministério do Planejamento, de Lívia Sóboto, da presidência da República, de Heliomar Medeiros e Marcos Benjamim, dos ministérios das Comunicações e do Planejamento, além de Edgard Piccino, do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), Duílio Monroy e Sérgio Rosa, da Cobra Tecnologia e Maria do Patrocínio, da Associação de Apoio à Família, ao Grupo e à Comunidade (Afago).

Ontem, dia 17, os debates tiveram como foco a liberdade do conhecimento e do gerenciamento da Estação Digital, com o uso do software livre. Hoje, dia 18, além da realização dos painéis sobre economia solidária, serão analisadas experiências de sucesso dos educadores, voltadas à articulação em redes, parcerias e ações de cidadania. Estas experiências também serão o eixo do penúltimo dia do evento (19). Os educadores serão divididos em grupos de trabalho para trocar experiências bem-sucedidas em suas comunidades e debater ações conjuntas para a área. O último dia do encontro será dedicado ao debate sobre “Geração de Trabalho e Renda: o desafio das Estações Digitais”.