Fonte: www.adital.com.br

Plásticos, papéis, óleo de cozinha, metais e vidro ganharam uma nova utilidade no bairro Ataíde, em Vila Velha, no Espírito Santo. O material reciclável é utilizado como moeda de troca no Supermercado Solidário, uma iniciativa do Banco Verde Vida, inaugurado no dia 8 de maio deste ano. A vontade de conscientizar a comunidade sobre a poluição do Rio Aribiri, que passa pelo bairro, impulsionou a criação do banco.

Como ainda não há recursos para implementar a revitalização do rio, o Banco viu na conscientização ambiental um caminho para o desenvolvimento da região. Segundo João Manoel Ribeiro, o “Joãozinho”, agente do Brasil Local e coordenador do projeto, o objetivo maior é resgatar a auto-estima da comunidade, realizando um trabalho de educação ambiental, além de oferecer capacitação para os moradores em artesanato e arte culinária.

A Ong Movive presta assessoria técnica ao banco, ajudando na captação dos produtos para o Supermercado Solidário. No supermercado, o morador da Região da Bacia do Rio Aribiri pode trocar seu resíduo sólido ou líquido por uma moeda social equivalente, podendo esta ser trocada por produtos do Supermercado ou serviços da Região que queiram receber a moeda. Materiais informativos sobre como separar o lixo e prepará-lo para troca já estão sendo distribuídos na comunidade.

O supermercado vai incentivar as famílias, que recebem suas cestas básicas de forma assistencialista, a dar agora sua contrapartida por meio da reciclagem. Os produtos da cesta básica custarão menos na moeda Verde. Por exemplo, o arroz (1kg) vai custar V$ 1,00; em reais, o mesmo produto sai R$ 0,20 mais caro. Na reciclagem, também vai haver vantagem para quem comercializar com a Verde. Entregando 70 garrafas pet, o morador recebe V$ 1,00; em reais, só receberia R$ 0,70.

O Banco também vai oferecer microcrédito em Real para os empreendimentos de tecnologias limpas e projetos sócio-ambientais implementados na região. Os empréstimos em moeda oficial terão taxa de juros de 0,8% ao mês. A instituição é gerida pelo Fórum Permanente da Bacia do Aribiri, criado em 2004 e constituído por entidades do poder público, privado e da sociedade civil.

O Verde Vida é mais uma cria da iniciativa pioneira do Banco Palmas, do Estado do Ceará. O banco é a 17º instituição financeira a fazer parte da Rede Brasileira de Bancos Comunitários. Outros dois bancos (Bem e Terra) do Espírito Santo integram a Rede. A inovação do Verde Vida diz respeito à moeda social, que não tem lastro em real e, sim, em produto da cesta básica.

Joãozinho acredita que, num futuro próximo, o banco vai ajudar os pequenos empreendedores da comunidade, gerando renda para as famílias mais pobres. “É um trabalho lento, mas gratificante. A maior dificuldade é a falta de recursos tanto para realizar os projetos como para fazer a divulgação do banco”, afirma. Toda sexta-feira, das 17h às 21h, já ocorre uma feirinha de artesanato e arte culinária no bairro, uma oportunidade para os empreendedores venderem seu produto e uma alternativa a mais para aumentar a circulação da moeda social.

As matérias sobre Economia Solidária da Adital são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.