Fonte: www.adital.com.br

Marcada por um alto índice de analfabetismo, a Região V de Vila Velha, Espírito Santo, compreende 29 comunidades com cerca de 89 mil habitantes. A renda das famílias não ultrapassa três salários mínimos e o déficit habitacional, registrado em 2003, foi de 12.074. Foi nesse cenário que surgiu, em 25 de novembro de 2005, o Banco Terra, um projeto social de desenvolvimento comunitário com foco na geração de renda através da perspectiva da Economia solidária.

No último sábado (31), a comunidade se reuniu para comemorar dois anos de moeda social circulante, o Terra. Segundo a assistente social Letícia Valim, da ONG Movimento Vida Nova Vila Velha (MOVIVE), o circulante local objetiva fazer que o “dinheiro” circule na própria comunidade, ampliando o poder de comercialização local, aumentando a riqueza circulante na comunidade, gerando trabalho e renda.

O terra começou circular no dia 1° de junho de 2006 e foi aceito de imediato em 22 estabelecimentos da região. “Os créditos em ‘reais’ podem ajudar no crescimento econômico do bairro ou município gerando novas riquezas. Mas são as moedas sociais que asseguram o desenvolvimento ao favorecer que essa riqueza gerada circule na própria comunidade”, afirma Letícia. O Banco fornece atualmente 23 créditos produtivos e 30 créditos de Consumo já foram retirados.

A entidade gera 45 empregos diretamente e cerca de 112 empregos indiretos. O banco ainda apóia 27 empreendimentos de produção. Além disso, há projetos de educação em andamento. A Escola de Educação Ambiental e Economia Solidária já capacitou 52 pessoas. Foram realizadas 32 feiras de Economia Solidária. “Vale ressaltar que, no primeiro ano de funcionamento, o Banco Terra contou com nenhum caso de inadimplência”, orgulha-se Letícia.

O empréstimo para consumo pode ser de até T$ 50 para cada família, o que equivale a R$ 50 no Banco Terra. O cliente deve ser morador da região e participar de alguma instituição liga à gestão do banco ou ser indicado por ela. Já o crédito produtivo varia de R$ 10 a R$ 1 mil com juros de 0,5% a 1,5% sobre o valor do total retirado pelo cliente.

Para a divulgação da entidade e de sua moeda, elaborou-se um programa de conscientização acerca da importância do banco comunitário e da circulação da moeda social local. Por meio de passeatas com faixas e cartazes incentivando o uso, a campanha “Troco é moeda Terra: circule essa idéia”, a comunidade entrou em contato com os benefícios que o banco poderia trazer para a região.

A ONG Movive atua como facilitador para o Desenvolvimento Local e Sustentável, além de funcionar como aporte jurídico. O Grupo de Gestores Locais que atua na região V ainda gerencia três unidades produtivas: Terra Zine, Terra Internet Center, Terra Fashion. As unidades geram renda para 150 pessoas.

As matérias sobre Economia Solidária da Adital são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.