Fonte: rede_agenda21_paulista@yahoogrupos.com.br

Na III Conferência Nacional do Meio Ambiente que teve as mudanças climáticas como tema geral, a Educação Ambiental foi a pauta específica que mais despertou interesse entre os cerca de 3 mil participantes de todo o país, presentes desde quarta-feira no Centro de Eventos Ulysses Guimarães. Mais de 1.100 propostas foram apresentadas ao Grupo de Trabalho de Educação Ambiental para serem analisadas, mais de 20% do total de 5.132 propostas vindas das conferências realizadas nos estados.

Na opinião do diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Marcos Sorrentino, isso demonstra o grande interesse das pessoas por um assunto que todos entendem com maior facilidade, diante de temas complexos como o aquecimento global e mudanças climáticas. A professora Jaqueline Guerreiro, uma das representantes da Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea), com grande experiência nessa área, acredita que isso se deve mesmo porque os participantes acham mais fácil este do que temas como Recursos Hídricos, Biodiversidade e outros.

Muita Desinformação

Tal volume de proposições trouxe dificuldades para o debate. Elas tiveram que ser agrupadas por semelhança em 180 propostas, divididas para análise em dois subgrupos. Entre elas, estão a antiga demanda pela criação de uma disciplina de educação ambiental nas escolas, o reforço do Sistema Nacional de Educação Ambiental, a criação do “PAC da Educação Ambiental”, e propostas pontuais, como o incentivo ao plantio do Ipê Amarelo em cada escola do país.

Segundo Jaqueline, fica escancarada nas demandas que a desinformação é muito grande já que, por exemplo, a criação da tal disciplina é proibida pela lei Lei n° 9.795/99 e também já existe um Plano nacional de Educação Ambiental, que está sendo reivindicado por alguns delegados como se nada existisse.

Uma das razões, segundo ela, é o modelo participativo da conferência, uma antiga reivindicação do movimento ambientalista, onde comparecem não apenas educadores ambientais, mas também representantes da sociedade em geral.

Um Milhão de Educadores Ambientais

Mesmo que ainda haja muita desinformação a respeito no país, Sorrentino diz que o Brasil é um destaque internacional nessa área, coordenando foros sobre educação ambiental como o Programa Latino-americano e Caribenho de Educação Ambiental (Placea), que abrange 33 países, e o programa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com 8 países.

Uma das metas do MMA, acrescentou, é o fortalecimento dos Coletivos Educadores, que se organizam por territórios com números variáveis de municípios, dos quais participam entidades, organizações, escolas, universidades, prefeituras, com projetos e políticas pedagógicas de educação ambiental, visando a economia de recursos e a otimizaçãod e esforços. O objetivo é a formação de 300 coletivos até 2010, já existem 150 em formação, e a capacitação de um milhão de educadores ambientais.

“Estamos criando a infra-estrutura para termos um processo de educação ambiental com continuidade, a ministra (Marina Silva, do Meio Ambiente), tem nos cobrado muito isto”, diz Sorrentino.

Capacitação dos Coordenadores Pedagógicos

A educadora ambiental Jaqueline Guerreiro lamenta que esteja faltando uma pesquisa básica, qualitativa e quantitativa, para se medir o que aconteceu em termos de evolução nos últimos quatro anos, desde que foi criado o Plano Nacional de Educação Ambiental.

Especificamente para a rede escolar, ela defende o reforço na capacitação dos professores, gestores e coordenadores pedagógicos, começando por mudanças no currículo das licenciaturas com esse objetivo.

“As escolas não estão preparadas para isso, o nível de capacitação é muito baixo e esbarramos no papel crucial dos coordenadores pedagógicos, que não sabem absolutamente nada de educação ambental”, afirma. Mas essa formação, ressalta, precisa dar voz aos professores, valorizando seus conhecimentos e o que já desenvolvem sobre isso no seu cotidiano, utilizando-se das ferramentas da educação popular de Paulo Freire e outros.