Fonte: www.adital.com.br

Como contraponto à V Cúpula América Latina – União Européia, que reúne os chefes de Estado de ambas regiões, em Lima (Peru), vão encontrar-se também os latino-americanos e europeus, integrantes de movimentos sociais e organizações não-governamentais (Ong’s), que buscam uma alternativa comum ao modelo político-econômico imposto pelas oligarquias e pelo capitalismo. A Cúpula dos Povos “Enlaçando Alternativas 3” começa amanhã (13) e seguirá até o dia 16.

Manifestações de protesto, discussões políticas e uma sessão do Tribunal Permanente dos Povos compõem a programação do encontro, que será um espaço para acordar as ações frente à Cúpula dos governos. A Cúpula dos Povos repudia a negativa de informação e educação para o povo, o que constrói uma sociedade sem democracia e, por conseqüência, sem liberdade.

Os movimentos se opõem ao modelo social que, só na América Latina e no Caribe, permite que cerca de 48 milhões de pessoas passem fome. No mundo, morrem 30 mil crianças por dia em razão da pobreza, e 14% das pessoas sofrem de fome permanentemente.

A opção pelo lucro ante a opção pelo ser humano se agrava com a promoção dos agrocombustíveis. Os europeus querem, até 2010, usar 5% de agrocombustíveis na produção de energia, que sairia das terras, e das mesas, dos países em desenvolvimento, ou subdesenvolvidos. Os produtos usados integram a alimentação básica da população, como o milho, a soja e o trigo.

“O problema não é tanto a falta de alimentos, porque, segundo os especialistas, o mundo pode produzir alimentos para todos inclusive para duas gerações mais como excedente, o problema está na falta de vontade política, na mesquinhez e ambição do capitalismo”, disseram os organizadores da Cúpula, em nota.

Assim, a Cúpula dos Povos convoca a comunidade internacional a exigir dos governos medidas urgentes, para evitar desastres. Essa não é uma crise só alimentar e de pobreza, é também “corrupção e violação dos direitos humanos como no caso peruano as implicações no terreno social, político e de segurança democrática serão sacudidas pela rebeldia de um povo cansado de tantas mentiras”, disse a nota. Por isso, os participantes elaborarão um documento com demandas e propostas, que será entregue aos participantes da Cúpula de Governos, no dia 15.

Já o Tribunal colocará no banco dos réus as empresas transnacionais – expressões do modelo neoliberal – e governos, que afetam os povos, o meio ambiente. O espaço do Enlaçando abrigará ainda a iniciativa de democratização da comunicação, “Fórum de Meios Alternativos”, presente nos espaços alternativos de construção política desde a Cúpula dos Povos de Mar del Plata.

Nele, a tecnologia atua a serviço da comunicação popular, integrando rádios comunitárias e redes, desenvolvendo um projeto de intercâmbio na produção de informação livre em diversos formatos. “O Fórum de Rádios contribui para fortalecer os vínculos de cooperação entre rádios de todo o mundo através do uso estratégico de novas tecnologias (TICs) e constitui, em si mesmo, um espaço comum de meios independentes”.