Fonte: Fernanda Barreto (fernanda@fubra.unb.br)

Moradores da região Bacia do Arbiri, em Vila Velha (ES), terão uma nova opção para acessar crédito e contribuir para o desenvolvimento local. Foi inaugurado no dia 8 de maio, o Banco Comunitário Verde Vida, na Nossa Casa Senhora de Lourdes, bairro Ataíde. Voltada para a geração de renda e sustentabilidade ambiental, a instituição contará com uma moeda social, denominada Verde. As cédulas serão adquiridas mediante a troca de materiais recicláveis no posto de coleta instalado na sede do Banco. Lá, também funcionará um supermercado solidário. “As pessoas poderão trocar garrafas Pet pela moeda local e utilizá-la para fazer compras no supermercado”, explica Renata Santiago Lima, assistente social da Ong Movimento Vida Nova Vila Velha (Movive), parceira da iniciativa.

Serão aceitos plásticos, papéis, óleo de cozinha, metais e vidro. De acordo com a tabela do Banco, cada quilo de alumínio (70 latinhas), por exemplo, poderá ser trocado por V$ 3,00. Com esse dinheiro, será possível encher o carrinho com produtos como arroz (V$ 1,00), farinha de mandioca (V$ 0,50), sabonete (V$ 0,50), pacote de biscoito (V$ 0,50) e uma lata de polpa de tomate (V$ 0,50). Materiais informativos sobre como separar o lixo e prepará-lo para troca já estão sendo distribuídos na comunidade.

Geração de renda e compromisso ambiental Além da moeda social, o Banco fará empréstimos em Real para fortalecer empreendimentos de tecnologias limpas e projetos sócio-ambientais. É o caso de costureiras que reutilizam retalhos, artesãos que usam o lixo como matéria-prima ou um estabelecimento comercial que queira instalar fossa séptica. “Para acessar financiamentos, os grupos produtivos terão que se comprometer com questões como a redução do consumo de energia elétrica e a reciclagem”, ressalta Lima.

Segundo ela, projetos que tragam benefícios para a sociedade também poderão ser contemplados, sem a necessidade de devolver os recursos em espécie para o Banco. “Às vezes um grupo quer oferecer uma oficina sobre cuidados com o meio ambiente numa escola e esse é um tipo de atividade que não traz retornos financeiros, mas traz melhorias para a coletividade”, avalia. Os empréstimos em moeda oficial terão taxa de juros de 0,8% ao mês.

Sensibilizar os comerciantes locais a aceitar a moeda Verde é outra estratégia assumida pela comunidade. “Estamos fazendo reuniões nas igrejas e escolas para que mais pessoas participem”, conta João Manoel Santos, agente do Projeto Brasil Local. O objetivo da moeda social é estimular o consumo de bens e serviços produzidos no local, movimentando a economia da região.

Morador do bairro há 35 anos, Santos está empenhado na implantação do Banco e otimista quanto aos resultados que a instituição trará para a sua comunidade. “A criação do banco já vem sendo discutida há um ano. Não é uma coisa que nasceu de uma hora para outra. Fizemos várias assembléias e visitamos outros bancos comunitários pelo país para conhecer a experiência. É uma ação que tem tudo para dar certo”, sustenta Santos.

Para ele, além de possibilitar acesso a crédito para a população excluída pelas exigências dos bancos tradicionais, o Verde Vida vai estimular o cuidado com o meio ambiente. “Eu criei meus filhos e tenho neto aqui. Onde antes era um rio, hoje tem um valão entupido de lixo. Agora vamos aprender que somos responsáveis por mudar essa realidade.”

Controle Social

A gestão do banco ficará a cargo do Fórum Permanente da Bacia do Arbiri, instituído em 2004 com o objetivo de implementar estratégias para o desenvolvimento da região. Integram o Fórum entidades do poder público, privado e da sociedade civil.

Abrangência

Todas as comunidades atendidas pelo Verde Vida devem participar do Fórum por no mínimo seis meses. Os bairros incorporados ao Fórum atualmente são Dom João Batista, Cavalieri, Ataíde, Aribiri, Santa Rita, Planalto, Alecrim, Vila Garrido, Primeiro de Maio, Ilha das Flores, Vila Batista, Paul, Atalaia e Capuaba.

Expansão da Rede

O Verde Vida é a 17º instituição financeira a fazer parte da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, que utiliza a metodologia do Instituto Palmas – baseada na participação popular e no desenvolvimento integrado do território. Outros dois bancos (Bem e Terra) do Espírito Santo integram a Rede. As demais instituições estão situadas na Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Piauí. O pioneiro da Rede é o Banco Palmas , em funcionamento há mais de 10 anos em Fortaleza.

Notícia enviada por Fernanda Barreto (61) 9965.1219 fernanda@fubra.unb.br