Fonte: www.mte.gov.br

No dia 28 de janeiro de 2004, a cidade de Unaí, em Minas Gerais, foi palco de um dos mais bárbaros atos contra o combate pelo Estado à supressão de direitos trabalhistas no Brasil. Naquela ocasião, três Auditores Fiscais do Trabalho e um motorista foram executados a tiros por pistoleiros.

Os auditores fiscais João Batista Soares Lage, 50, Eratóstenes de Almeida Gonsalves, 42, Nelson José da Silva, 52, e o motorista da então Delegacia Regional do Trabalho Aílton Pereira de Oliveira, 51, foram assassinados em um trevo conhecido como Sete Placas, na rodovia MG-188, que dá acesso aos municípios de Unaí, Bonfinópolis de Minas e Paracatu. Eles participavam de uma fiscalização regular em fazendas de plantação de feijão no município.

O inquérito na Justiça afirma que a motivação do crime foi o incômodo provocado pelas insistentes multas impostas pelos auditores. Nelson José da Silva seria o alvo principal, tendo aplicado cerca de R$ 2 milhões em infrações à fazenda dos Mânica por descumprimento de leis trabalhistas.

Também respondem processo os pistoleiros Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda; o suposto contratante dos matadores, Francisco Élder Pinheiro e os supostos intermediários Humberto Ribeiro dos Santos, Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro.

Sucessivos recursos – Uma força-tarefa que investigou o crime apontou os irmãos Norberto e Antério Mânica, grande produtores de grãos da região, como mentores da chacina. No entanto, os Mânica e outros dois acusados de participarem do assassinato obtiveram habeas-corpus e respondem ao processo em liberdade. Cinco homens, entre eles dois pistoleiros, permanecem presos. Nenhum dos acusados foi ainda julgado pela Justiça.

Uma sentença da Justiça Federal, em dezembro de 2004, decidiu levar a júri popular os acusados da chacina. De todos, somente o acusado Antério Mânica, atual prefeito de Unaí, tem direito a foro privilegiado. Desde então, os acusados apresentam sucessivos recursos com o objetivo de protelar o julgamento. Até agora, todos os recursos apresentados ao Tribunal Regional Federal 1ª Região foram negados.

Ato de protesto – Familiares, amigos, auditores fiscais e trabalhadores cobram agilidade no julgamento dos acusados e exigem a punição dos culpados. O Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho, aliado a movimentos sociais ligados ao campo, está organizando manifestações para esta segunda-feira, protestando pela demora no julgamento dos acusados. A entidade, em Nota Pública, condena a demora na punição dos culpados e pede celeridade ao caso.

O Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho em Goiás (Sindafit) e a Associação dos Servidores do Ministério do Trabalho em Goiás (Asmitego) realizam na segunda-feira (28/01), às 8h30, no auditório da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais um Culto Ecumênico lembrando o assassinato. As duas entidades estão colhendo assinaturas em um abaixo-assinado que será encaminhado ao Ministério da Justiça, a fim de que seja realizado o julgamento dos assassinos da chacina de Unaí.