Fonte: Rede Nacional de Mobilização Social

O cultivo do café de sombra, que há mais de 150 anos faz parte da cultura de agricultores do Maciço de Batiruté, a 100 quilômetros de Fortaleza (CE), vai ganhar força com a implantação da “Mini-indústria de Torrefação de Café Ecológico”, que até o final de novembro deve entrar em funcionamento. A expectativa é de que, em seis meses, a população local deixe de comprar café fabricado em outras indústrias e passe a consumir o café ecológico, cultivado, torrado e empacotado na própria mini-indústria

Inicialmente, o projeto vai beneficiar 130 agricultores de sete municípios do Maciço de Baturité, entre eles, Redenção, Guaramiranga e Mulungu, onde ficará a sede da mini-indústria. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores Ecológicos do Maciço de Baturité (Apemb), Marcos Arruda, após a implantação das máquinas recém-chegadas a Fortaleza, os participantes do projeto passarão por um período de capacitação que os ajudará a manusear as máquinas de moenda e torrefação, além de auxiliá-los na gestão dos negócios.

De acordo com Adalberto Alencar, assessor técnico do Centro de Educação Popular em Defesa do Meio Ambiente (Cepema), que presta assessoria técnica ao projeto, a implantação da mini-indústria é uma grande conquista para os agricultores da região. “Há anos as pessoas que moram em Baturité vêm trabalhando para a implementação de políticas públicas que dêem sustentabilidade ao cultivo do café na região”, explica.

Segundo Alencar, logo que entrar em pleno funcionamento, a mini-indústria terá capacidade de torrar cerca de 20 toneladas de café por mês, o que deixará a empresa apta a atender a demanda de toda a população local. Além de um preço melhor, os moradores de Baturité ganharão também na qualidade do produto, já que todo o café será produzido sem o uso de agrotóxicos maléficos à saúde.

Com o projeto, espera-se também que haja ampliação das vendas para o mercado nacional e até internacional. A idéia é que, em 2009, os produtos sejam escoados para o exterior como aconteceu em 1996 e 1997, quando a Apemb, com a ajuda da Cepema, exportou parte de seus produtos para a Suíça.

Dessa vez, entretanto, o café que deve ir para o mercado internacional terá uma nova cara. Em vez do café ecológico em grão natural, agora o produto sairá de Baturité torrado, empacotado e carregando o selo internacional de “Fair Trade”, que, além de garantir a qualidade do café ecológico, comprova sua inserção na rede de comércio justo.

Também está nos planos dos sócios da mini-indústria o lançamento da marca “Café da Floresta”, prevista para entrar no mercado em junho de 2008. Adalberto explica que após a consolidação da mini-indústria, o ideal é que cada produtor crie a sua própria marca de café e possa vendê-lo diretamente para o consumidor. Dessa forma, além da autogestão, os agricultores poderão praticar o comércio justo na região serrana.

Fonte: Rede Nacional de Mobilização Social – www.coepbrasil.org.br