Fonte: Secretaria Executiva do FBES
Entre os dias 25 e 26 de outubro ocorreu o seminário nacional de redes e cadeias produtivas da ES, organizado em parceria entre o CEDAC e o IBASE, na cidade de Mesquita/RJ. Mesclando momentos mais conceituais e outros bem práticos, o seminário foi um excelente momento para se pensar como avançar na constituição de redes e cadeias produtivas no país, a partir das várias experiências em curso e do mapeamento da Economia Solidária.
Reflexões a partir de várias políticas e ações
O primeiro dia do seminário foi dedicado a “alimentar” o debate com reflexões conceituais e práticas de vários atores do movimento de ES e do governo federal:
Nelsa apresentou a experiência da Justa Trama, a cadeia do algodão orgânico, enquanto Paulo Palhano falou da Rede Abelha, que articula apicultores no nordeste e agora está se expandindo para outras regiões do país. A Formação também foi ponto forte, pois tanto a Rede Abelha quanto a Justa Trama são executoras do PlanSeq Economia Solidária, na cadeia do mel e do algodão respectivamente. Nelsa e Paulo ressaltaram a importância da formação realizada de modo não acadêmico, pelos próprios empreendimentos ou a partir de suas próprias demandas, na gestão de todo o processo formativo.
Daniel mostrou o Sistema FBES de articulação e comercialização entre atores do movimento de economia solidária, além de apresentar um exemplo concreto de uso dos dados do mapeamento: localizou todos os negócios potencialmente possíveis entre empreendimentos solidários de mesquita e outros empreendimentos solidários da região até a uma distância de 1000km, ou seja, os “casamentos” de empreendimentos que produzem algo com os empreendimentos que necessitam desta produção como insumo para sua atividade econômica.
Fabíola trouxe mais esclarecimentos sobre o Sistema Brasileiro de Comércio Justo e Solidário e sua importância para o avanço no campo da comercialização solidária. Já Luigi, a partir de sua experiência em formação junto a trabalhadoras/es de empresas recuperadas de autogestão, fez uma reflexão sobre os valores e princípios da Economia Solidária, e como estes são fundamentais para o movimento manter acesa a chama da transformação social, que vai além do resultado econômico imediato. Luiz Parreiras, do IPEA, a partir da experiência da Fundação Banco do Brasil na construção de cadeias produtivas solidárias no nordeste, apresentou propostas bem definidas das condições necessárias para a consolidação de experiências de redes e cadeias de produção, comercialização e consumo solidárias.
A prefeitura de Mesquita estava presente, pois tem avançado muito na ES da cidade: montaram um centro público, uma incubadora municipal, e uma loja da ES! Tudo gerenciado com grande participação dos empreendimentos solidários da cidade. Infelizmente, ocorreu uma tragédia em Mesquita no dia anterior: as chuvas deixaram 1000 pessoas desabrigadas, e o município entrou em estado de emergência. Por isso, o prefeito ficou apenas por um breve momento, mas o suficiente para contribuir bastante nas reflexões, pois se trata de um militante antigo dos movimentos sociais.
Haroldo e Roberto Marinho contextualizaram as ações da SENAES neste campo, e as integrações e políticas que estão se construindo daqui para a frente. Foram citados o SIES (sistema de informações a partir do mapeamento), o SBCJS (Sistema Brasileiro de Comércio Justo e Solidário), os SECAFES (Sistemas Estaduais de Comercialização de produtos da ES, como um dos elementos para a dimensão de fomento do SBCJS), e o programa de feiras, entre outras iniciativas.
Discurso e prática…
Os lanches e almoços foram carinhosamente preparados pela cooperativa Gostinho Bom, de Mesquita, com ótima qualidade e balanço nutritivo, com preferência para frutas e deliciosos bolos caseiros, e tentativa de redução de uso de descartáveis em geral.
Do global ao local
No segundo dia, o seminário centrou-se no estado do Rio de Janeiro. Para abrir, Eugênia e João Roberto apresentaram as potencialidades dos dados do SIES no estado do RJ para a construção de redes e cadeias solidárias, tudo em mapas coloridos apontando de maneira muito intuitiva a situação dos principais produtos, insumos, e cadeias existentes no estado. Além disso, compartilharam muitas reflexões tiradas como finalização do estudo realizado, tendo se destacado o levantamento das principais informações do SIES que potencializam redes e cadeias solidárias, e das que estão faltando e precisam ser incorporadas em novo mapeamento. Assistimos todos ao vídeo que apresentou a experiência da Rede Ecológica, um empreendimento solidário de relação direta entre produtores agroecológicos e consumidores responsáveis. Miriam e Eugênia fizeram então uma reflexão desta experiência, em que se destacaram as reflexões sobre o envolvimento de consumidores em iniciativas de comercialização da ES. Margareth, por sua vez, apresentou as experiências da Arte Sudeste, uma articulação de artesãs que trabalha firme com suas próprias experiências de formação. Além disso, João Luis partilhou, em primeira mão, de informações sobre os empreendimentos solidários do Estado do RJ, já com dados da III Fase do Mapeamento, que nem está disponível oficialmente ainda!
As apresentações estão disponíveis na seguinte página, vale conferir!
www.fbes.org.br/component/option,com_docman/task,cat_view/gid,392/
Depois disso, iniciou-se uma rica dinâmica entre os participantes, em sua grande maioria trabalhadoras/es de empreendimentos solidários do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de pensar nos 3 principais ramos detectados no mapeamento no estado do RJ: Agropecuária, Artesanato, e Reciclagem. Os participantes dividiram-se em 3 grupos (um para cada ramo), e determinaram quais são os principais produtos do ramo, quais os principais obstáculos e quais as principais conquistas. Os resultados foram um entusiasmo em pensar soluções concretas a partir daí, como por exemplo a consolidação de pontos de comercialização solidários em cada região do estado, entre outras propostas, idéias e comentários.
Enfim, um grande momento para avançarmos na “bola da vez” da Economia Solidária: a produção, comercialização e consumo solidários!