Fonte: rede_agenda21_paulista@yahoogrupos.com.br

Bambu e raspas de pneus são os ingredientes principais dos pré-moldados hoje em estudos na unidade do Sebrae na cidade de Três Rios, estado do Rio de Janeiro. A idéia é usar esta tecnologia na construção de residências – já batizadas de “casas ecológicas”, e, neste sentido, os primeiros resultados mostram-se animadores. “O laboratório da Universidade Federal de Juiz de Fora já comprovou a tração, flexibilidade, compressão e elasticidade das placas, o que garante a resistência do sistema”, disse a AmbienteBrasil o gerente regional do Sebrae em Três Rios, Jorge Luiz Gomes de Pinho. Segundo ele, estão em andamento os testes de durabilidade e resistência ao fogo.

Cinco protótipos já prontos vêm sendo utilizados como residência, centro comunitário e oficina de artesanato.

Jorge Luiz conheceu o sistema pré-moldado em Maceió, onde vem sendo desenvolvido pelo Sebrae em Alagoas, em parceria com a ONG Instituto do Bambu. O projeto é de autoria do engenheiro Edson Sartori e dos arquitetos Rubens Cardoso e Alejandro Pereira.

Levou a idéia para Três Rios, estimulado pelo fato de a região ter uma significativa reserva natural de bambu e a variedade local permitir o aproveitamento de todas as varas – “70% para a estrutura do pré-moldado e o restante moído, para misturar à matriz cimentícia”, explica.

O bambu ganha cada vez mais status como matéria prima benéfica à conservação ambiental. Hoje está presente em fibras têxteis e viceja como alternativa à madeira (confira no campo “notícias relacionadas”, no final da matéria).

Afora o aproveitamento do bambu – recurso renovável que seqüestra muito mais carbono que uma floresta de eucalipto, segundo Jorge Luiz -, a tecnologia em estudos no Sebrae apresenta outro ganho ambiental de peso: utiliza também raspas de pneus. Uma casa de 50 m² abarca até duas toneladas do produto reciclado, valorosa contribuição para livrar o meio ambiente de um resíduo altamente poluente.

O Sebrae Três Rios está negociando com a Universidade Federal do Rio de Janeiro a realização dos testes de conforto térmico e acústico nas placas pré-moldadas. Para isso, será necessário construir um protótipo nas dependências da instituição de ensino, de forma a viabilizar um acompanhamento permanente, pelo prazo de um ano.

“Os resultados que temos até o momento são empíricos, através de observações das construções já executadas aqui em Três Rios, onde se percebe nitidamente um ganho térmico em relação à construção convencional, já que a estrutura e os componentes do micro-concreto, com borracha e fibra de bambu, funcionam como um isolante térmico”, explica Jorge Luiz.

O estudo conta com o apoio da Prefeitura da cidade e da Associação Recicla Três Rios. E já atrai a atenção da iniciativa privada. “Tivemos consultas de alguns empreendedores interessados em montar pequenas unidades de fabricação”, diz Jorge Luiz. Prefeituras da região também procuraram conhecer a técnica, com o objetivo de elaborar projetos para atender basicamente habitações de interesse social, remanejando moradores em áreas de risco.

Isso porque o custo é outro atrativo marcante do sistema. A economia na construção de uma residência chega a 40% em relação aos métodos tradicionais, razão pela qual o projeto se propõe a ser uma opção em habitações populares.

“Estamos fazendo os testes que nos fornecerão laudos, de laboratórios de Universidades reconhecidas por competência e isenção, o que nos permitirá no futuro que a CEF aceite esta como uma tecnologia segura e que o Sistema Financeiro de Habitação financie construções com esses pré-moldados”, antecipou Jorge Luiz a AmbienteBrasil.

Segundo ele, já aconteceu inclusive uma reunião com a Superintendência Regional da CEF, que se mostrou aberta a avaliar a tecnologia, após o término do período de testes.

Mônica Pinto

AmbienteBrasil