Fonte: Milena Nandi

Empresas autogestionárias da região podem entrar em breve para o seleto rol de empreendimentos administrados pelos próprios funcionários a conseguir financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os recursos servem tanto para comprar equipamentos quanto para capital de giro. Os recursos servem tanto para comprar equipamentos quanto para capital de giro. Coopervectra (Içara), Coopermetal (Criciúma), Coopermin(Forquilhinha), Coopermac (Urussanga) e Vespal (Jacinto Machado), que apresentaram os pedidos de financiamento junto ao BNDES, podem levar menos tempo para receber o empréstimo do que levariam tempos atrás.

Dos primeiros meses desse ano até setembro, o número de empréstimos para empreendimentos autogestionários concedidos no País aumentou, impulsionado especialmente pelas modificações nas linhas de crédito para esse tipo de empresa.

Um grupo de trabalho formado por entidades como a Associação Nacional dos Trabalhadores e Empresas de Autogestão e Participação Acionária de Santa Catarina (Anteag), o Ministério do Trabalho, BNDES, Besc e a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol/Brasil), reúne-se quinzenalmente para analisar os critérios utilizados para a obtenção de financiamentos às empresas autogestionárias e discutir maneiras de facilitar o acesso ao crédito, além de agilizar o repasse dos recursos conforme a necessidade e o perfil de cada empreendimento. Segundo Ivan Roberto Westphal, presidente da ANTEAG de Santa Catarina, o GT pretende auxiliar as empresas autogestionárias a conseguir recursos que possam dar continuidade às atividades ou mesmo melhorar a produção.

Necessidade de recursos

Segundo Westphal, entre os principais motivos que levam as empresas a recorrer ao Programa de Apoio à Consolidação de Empreendimentos Autogestionários do BNDES estão a necessidade de recursos para compra de novos equipamentos, composição de capital de giro, aquisição de nova unidade ou juntar dinheiro para compra de as instalações da massa falida. O programa do BNDES foi criado em 2005, mas somente esse ano começou a beneficiar uma quantidade maior de empresas autogestionárias, segundo Fernando Kleiman, chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Economia Solidária, vinculada ao Ministério do Trabalho. Isso ocorreu, segundo ele, após um esforço maior do governo e dos bancos em facilitar o acesso ao crédito para essa categoria de empresas, o que resultou em exigências mais brandas e na revisão de outros critérios, o que ainda está sendo feito.

Mudanças facilitam acesso aos recursos

Entre as modificações, está a necessidade de garantia real, que era de no mínimo 130% do valor financiado, agora reduzida para 70%. Equipamentos também podem servir como garantia. Outra mudança destacada por Kleiman diz respeito à responsabilidade compartilhada. Ou seja, o empréstimo não sai em nome de uma única pessoa, mas da coletividade que participa da empresa. O banco também vem reduzindo os juros. “No País, existe uma falta de cultura para a autogestão e de sensibilidade por parte do poder público e do judiciário para esse tipo de empreendimento. Mesmo assim, uma mudança na postura do governo federal está sendo notada, já que a recuperação da empresa pelos trabalhadores é uma proposta de mudança da base estrutural do trabalho no País”, afirma Kleiman. Segundo levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho, atualmente existem 200 empresas autogestionárias no País, nas quais trabalham cerca de 2 milhões de pessoas. “A autogestão tem um papel também social, porque garante o sustento de muitas famílias. Atualmente, não há como desconsiderar esse tipo de atividade, dado os números de empregos gerados”, diz.

Maristela Benedet – Assessoria de Imprensa ANTEAG/SC

Rodrigo Medeiros Arquivo A Tribuna