Fonte: www.agenciasocial.com.br

Uma feira marcada pela abrangência, articulação, representatividade e qualidade dos eventos paralelos. Assim a coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança, Irmã Lourdes Diil, definiu a 3ª Feira de Economia Solidária do Mercosul, bem como a 14ª Feira Estadual do Cooperativismo, a 6ª Feira Nacional de Economia Solidária, a 7ª Mostra de Biodiversidade e Feira da Agricultura Familiar e o 3º Seminário Latino-americano de Economia Solidária e Comércio Justo.

Os eventos foram realizados em Santa Maria (RS), de 6 a 8 de julho, no Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter. Conforme a Irmã Lourdes Dill e de acordo com números da Brigada Militar, aproximadamente 102 mil pessoas participaram das atividades. “Foi um recorde de público”, comemorou a promotora. Para 2008, quando a feira está programada para ocorrer de 11 a 13 de julho, a meta é chegar a 150 mil visitantes. “Queremos contar com a presença do presidente Lula, já que é também uma ocasião para festejarmos os 150 anos de emancipação política de Santa Maria”, destaca a Irmã Lourdes Dill.

Outro objetivo é realizar um Minifórum Social de Economia Solidária como preparativo ao Fórum Social Mundial, previsto para 2009, em Belém (PA). “É o nosso próximo desafio, mas temos projetos para sediar o minifórum”, enfatiza a coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança, da Diocese de Santa Maria.

Confira os números parciais da 3ª Feira de Economia Solidária do Mercosul, segundo o Projeto Esperança/Cooesperança:

– Representantes de três continentes – Ásia (Tailândia, Myanmar, Filipinas, Malásia, Vietnan e Indonésia), Europa (Itália e Alemanha) e Américas (Brasil, Uruguai, Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru, Chile, Colômbia, Equador e México);

– Cerca de 25 estados, 350 municípios, 720 estandes e empreendimentos solidários em rede; 1.500 empreendimentos latino-americanos em rede; 25 redes da América Latina em articulação internacional com os continentes; 50 comissões de trabalho de organização da feira, com mais de 250 reuniões; Cerca de 70 veículos de Comunicação Social em Rede de Economia Solidária, do Brasil e da América Latina; Mais de 30 sites divulgaram a Feira na Internet. Em torno de 60 rádios comunitárias ligadas à Rede Abraço divulgaram o evento; 21 instituições de ensino superior; 28 entidades ligadas à Cáritas Nacional e Internacional; 52 caravanas de diferentes lugares do Brasil; Representantes do Governo Federal (Ministro do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Trabalho e Emprego/SENAES e Ministério da Agricultura) Prefeitura de Santa Maria, por meio de todas as secretarias municipais; Representantes dos Povos Indígenas Guaranis e Kaingangues, Catadores/as , Movimento Afro, Quilombolas, Movimentos, Sociais e Apoiadoras, Comitê Sepé Tiaraju e Artistas da Caminhada. Representantes de entidades, movimentos sociais, pastorais sociais, sindicatos, organizações e patrocinadores; 120 jovens do RS

– Levante da Juventude e da Consulta Popular do RS, em formação e em interação com Feira; Cerca de 20 organizações das trocas solidárias do RS e outros estados. Carta de Santa Maria 2007 Os 25 anos de políticas neoliberais do capitalismo no continente latino americano, relegaram a nossa região à condição de violência, pobreza, desigualdade, exploração e a uma cultura que privilegia o individualismo. Ao mesmo tempo, hoje alguns países da América Latina vivenciam um momento privilegiado no campo da Economia Solidária e do Comércio Justo: trata-se de uma “Primavera de mil flores”, a desabrochar, e que não somente deve florescer, mas também permanecer viva, e ser um espaço de oportunidades para conquista dos vários direitos que atendam as necessidades básicas de nossos povos. Todas e todos buscamos alternativas superadoras ao modelo capitalista em suas diferentes formas e concepções. O

III Seminário Latino-Americano de Economia Solidária, realizado durante a III Feira de Economia Solidária do Mercosul, em Santa Maria, foi organizado de forma autogestionária por representantes latino-americanos de 16 redes nacionais, regionais e mundiais de comércio justo e economia solidária, além de gestores públicos do Brasil e de outros países. Durante estes três dias, resgatamos a história e um panorama das redes e organizações da sociedade civil e movimentos sociais, reafirmando compromissos em diferentes momentos, sem perder as identidades e a grande riqueza de especificidades, reconhecendo a importância da incidência internacional, bem como os processos de integração do mercosul solidário, que vão além de projetos pontuais de integração geo-econômica.

Afirmamos enquanto agenda estratégica para a continuidade da integração das Redes Latino-americanas no fortalecimento da Economia Solidária e Comércio Justo na região os seguintes compromissos: 1. Dar continuidade da integração das redes, através de uma agenda comum, que inclui, entre outras atividades, os seguintes:

I Feira Pan Amazônica (Rio Branco, Amazônia, Brasil em setembro de 2007); Lima + 10 (Peru, em novembro de 2007), Encontro do Espaço Mercosul Solidário (Chile, em novembro de 2007); IV Feira de Economia Solidária do Mercosul e Encontro Pré–FSM09 (Santa Maria 11-13 de julho de 2008); VII Fórum Social Mundial (Belém, Amazônia, Brasil 2009); III Encontro da Ripess na América Latina (Uruguay 2009) e IV Encontro Internacional de Globalização da Solidariedade – RIPESS (Luxemburgo 2009). 2. Mobilizarmo-nos para a Campanha pelo Consumo Responsável, Ético e Solidário na semana das manifestações descentralizadas do FSM 2008; 3. Valorizar, aprender e incorporar as trocas e outras práticas tradicionais, em especial dos povos indígenas, dentro do movimento e práticas da Economia Solidária; 4. Avançar na organização do comércio justo nacional e regional Sul-Sul, a partir de nossas experiências e identidade cultural, promovendo o desenvolvimento local e sustentável nos territórios sócio-econômicos. Neste sentido, nos comprometemos a promover experiências de negócios e compras diretas entre os empreendimentos de diferentes países, através da realização de feiras internacionais de Economia Solidária, lojas, centrais de comercialização, rodadas de negócios solidários, entre outras possibilidades; 5. Lutar pela construção de sistemas nacionais e regionais de garantia e certificação de produtos do Comércio Justo e Economia Solidária, de maneira participativa e horizontal, incluindo os consumidores no processo; 6. Pressionar e sensibilizar governos pela criação de políticas públicas que priorizem produtos da Economia solidária e Comércio Justo nos mercados institucionais. 7. Afirmar a agricultura ecológica, indígena e campesina como estratégias prioritárias para a segurança soberania alimentar; 8. Lutar pela flexibilização da legislação aduaneira, fiscal e sanitária para circulação de produtos da Economia Solidária e do Comércio Justo; 9. Ampliar a articulação e se incorporar às lutas de outros movimentos sociais e partidos políticos do campo democrático popular; 10. Afirmar a economia solidária enquanto estratégia de desenvolvimento sustentável, e portanto transversal na pauta da política pública nacional, constituindo-a como política de Estado.

A III Feira de Economia Solidária do Mercosul, nesse ano de 2007, consolida o seu caratér pedagógico, autogestionário, democrático e participativo em seu processo de construção, debate e proposição para o fortalecimento do movimento nacional, regional e mundial de Economia Solidária. Nós, participantes do III Seminário Latino-americano de Economia Solidária e Comércio Justo, afirmamos o compromisso de fazer com que a IV Feira de Economia Solidária do Mercosul nos dias 11, 12 e 13 de julho de 2008, seja um grande evento preparatório para o Fórum Social Mundial 2009 em Belém do Pará – Brasil.

A beleza de um jardim está na diversidade de cores e aromas de suas flores, que compõem uma harmonia maior. Neste sentido, afirmamos a importância e nosso compromisso de contribuir na integração das redes e movimentos nacionais e regionais de Economia Solidária e Comércio Justo na América Latina, tanto política quanto economicamente. Esta articulação deve ter como princípio o respeito às diferentes concepções e especificidades de cada rede e movimento existente em nossa região, o que implica em assumirmos inteiramente, no nosso processo de articulação regional, a auto-gestão.

Santa Maria, 07/07/07 Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES Rede Intercontinental de Promoção da Economia Social e Solidária – RIPESS Plataforma Brasileira de Comércio Justo, Ético e Solidário – FACES do BRASIL Mesa coordenadora latino-americana de Comércio Justo – MCLACJ Capítulo latino-americano da Associação Internacional de Comércio Justo – IFAT-AL Rede latino-americana de Comercialização Comunitária – Corporación RELACC Espaço Mercosul Solidário Comércio Justo – CLAC Rede de Comércio Justo do Sul do Chile Rede de Feiras Tradicionais do Sul do Chile Espaço Uruguaio Solidário Confederação Latino-americana de Cooperativas e Mutuais de Trabalhadores – COLACOT Plataforma Multisetorial de Promoção e Desenvolvimento da Economia Solidária e do Comércio Justo da Bolívia Grupo Rede de Economia Solidária do Peru – GRESP Rede de Socioeconomia Solidária do Sul do Chile- REDESSOLES Grupo Impulsor do Comércio Justo do Paraguai Comércio Justo Uruguai Rede Argentina de Comércio Justo – RACJ Rede Chilena de Economia Solidária – RCES Cáritas México (parte de ECOSOL México