Fonte: www.revistafator.com.br

A preocupação com um sistema de comércio justo e solidário ganha força no cenário latino-americano. Nos últimos anos, o conceito ‘Comércio Justo e Solidário’ tem sido uma das principais pautas de reuniões de órgãos governamentais, entidades civis e empresariais interessados em discutir temas relacionados ao movimento que visa promover a igualdade e a inclusão social.

Pesquisa realizada pela consultoria Schneider & Associados, encomendada pela Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae, revela que na América Latina existe um total de 465 operadores certificados ativos. Desses, 359 sãs produtores e 106 são formados por traders ou seja empresas que apóiam a comercialização. O ranking é liderado pelo Peru, seguido pelo México, Colômbia e Nicarágua. O Brasil aprece em quinto lugar, com 31 operadores.

“Ainda é um movimento embrionário, mas que tende a crescer rápido com o engajamento adequado das organizações envolvidas. Assim, o Sebrae desenvolve um papel fundamental, conduzindo e orientando todo o processo”, explicou o consultor responsável pela pesquisa, Johann Schneider.

O estudo foi concluído no mês de julho e será lançado em agosto em todo o País. O levantamento foi realizado inicialmente em 2004 e atualizado nos últimos meses com o objetivo de identificar oportunidades de mercado para diversos segmentos do comércio brasileiro a partir de experiências internacionais.

O material traz um panorama geral sobre o Comércio Justo no Brasil e no mundo, suas tendências, desafios, além de gráficos e ilustrações que mostram as principais iniciativas para o acesso e a construção da prática no País. “A pesquisa servirá de base para as apurações sobre as oportunidades do mercado para as micro e pequenas empresas brasileiras, como o caso dos Estados Unidos, que apresenta um grande potencial comprador”, disse a coordenadora do projeto pelo Sebrae, Louise Machado.

De acordo com o levantamento, o sistema do Comércio Justo evoluiu significativamente na América Latina, especialmente no Brasil, nos últimos três anos. A diversidade das iniciativas locais dos produtores e de todos os elementos das cadeias produtivas no novo movimento brasileiro são apontadas como as principais justificativas para a expansão do processo.

No Brasil, o movimento ganhou fôlego a partir de iniciativas concretas para a comercialização dos produtos de pequenos produtores focados no mercado interno. São mais de 14 mil empreendimentos, de 2.274 municípios brasileiros. O total corresponde a 41% dos municípios no País e, segundo o levantamento, trata-se de uma tendência mundial.

“O Comércio Justo no mundo é puxado pelo consumidor. Para o grande público no Brasil, o assunto ainda é muito desconhecido, mas o diferencial do movimento será impulsionado a partir da consciência do consumidor”, explicou Schneider.

Segundo o consultor, as taxas que envolvem a prática do Comércio Justo crescem em torno de 20% ao ano. “E devem continuar crescendo”, acrescentou. Mas fez um alerta sobre os principais desafios que impedem essa evolução, como a falta de um sistema brasileiro de certificação com reconhecimento internacional, maior participação e articulação do poder público, além do fortalecimento da profissionalização de toda a cadeia do setor.

Referência no País – Desde 2004, o Sebrae desenvolve ações com foco no Comércio Justo para promover o acesso a mercados pelas micro e pequenas empresas. Em 2005, a Instituição lançou o projeto de Comércio Justo, que objetiva a criação de metodologias e ferramentas que possam subsidiar o processo de acesso a este mercado específico por parte dos pequenos produtores.

A partir daí, foram elaborados estudos e metodologias para referenciar a atuação do Sistema Sebrae no Comércio Justo, implementação de projetos-piloto em vários estados, produção de documentário, em parceria com o Canal Futura, para disseminação dos conceitos e princípios, além de guias de capacitação e cartilhas de produtores, que são elaborados em parceria com a organização não-governamental Visão Mundial.

Entre os objetivos do Comércio Justo e Solidário estão a criação de oportunidades para produtores economicamente em desvantagem, transparência e responsabilidade, preços justos, igualdade de gêneros, exclusão do trabalho infantil, respeito ao meio ambiente e às relações comerciais dos produtores. | Por: Tatiana Alarcon/Sebrae Nacional