Fonte: imprensa@mst.org.br

Para marcar o Dia do/a Trabalhador/a Rural, movimentos sociais do campo realizam nesta quarta-feira (25), em todo o país, uma série de ações para cobrar agilidade na realização da reforma agrária e lembrar que o incentivo à agricultura familiar não tem sido prioridade do Estado brasileiro. Os trabalhadores rurais denunciam que, para a safra 2006/07, o governo federal repassou R$ 50 bilhões para o agronegócio, enquanto a agricultura camponesa recebeu R$ 10 bilhões (via Pronaf).

Na safra 2007/08, a brutal diferença se repete: R$ 58 bilhões foram liberados para o agronegócio, ao passo que a agricultura camponesa recebeu R$ 12 bilhões. Além disso, há aproximadamente R$ 40 bilhões em dívida acumulada dos ruralistas, negociada nos anos anteriores. Só os juros não pagos destas dívidas ultrapassam os R$ 4 bilhões por ano, mais do que o Governo Federal disponibiliza para todas as ações de reforma agrária.

Desde ontem (24), os camponeses promovem mobilizações que integram a Jornada Nacional de Lutas da Via Campesina, exigindo o assentamento de 150 mil famílias que estão acampadas em todo o Brasil e infra-estrutura para os assentamentos, como crédito para habitação, produção, assistência técnica, educação e saúde.

Na manhã de hoje, cerca de 500 famílias bloquearam a BR 101 no município de Escada, em Pernambuco, próximo a escola agrícola da cidade. No Rio Grande do Sul, cerca de 10 mil agricultores protestam pela negociação da dívida da pequena propriedade e realizam vigílias durante todo o dia em agências da Caixa Econômica Federal, para pressionar o governo e a Caixa a criarem um programa específico de habitação para a agricultura camponesa e assentados da reforma agrária.

Ontem, em Alagoas, mais de 400 famílias ligadas ao MST, CPT, MLST e MTL ocuparam a fazenda Boa Vista, no município de Murici, dos irmãos Calheiros. Os movimentos acusam os Calheiros de grilarem a terra depois de ter sido vistoriada pelo Incra, que determinou sua desapropriação para fins de Reforma Agrária. O processo foi encaminhado para Brasília, onde ficou arquivado. Hoje, em Murici, movimentos sociais do campo e da cidade promovem um ato contra a grilagem de terras e a violência no campo.

Em São Paulo, 200 famílias ocuparam a Fazenda da Barra II, no município de Ribeirão Preto – para denunciar o avanço predatório do agronegócio e da cana-de-açúcar e todas as suas implicações sociais e ambientais. Atualmente, a área está arrendada para a Usina da Pedra e há inquérito contra a realização de queimadas e devastação ambiental.

No Rio Grande do Norte, estudantes do curso de magistério e enfermagem do MST no estado ocuparam o prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Refroma Agrária), para exigir liberação dos recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária.

No Rio Grande do Sul, cerca de mil trabalhadores rurais organizados pelo MST e pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) ocuparam os prédios da Secretaria Estadual da Agricultura e do Ministério da Fazenda, na capital Porto Alegre, e bloquearam 9 rodovias em todo o Estado.

No Paraná, cerca de cinco mil famílias assentadas realizaram protestos nas agências do Banco do Brasil em 16 municípios, para reivindicar a renegociação de dívidas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), infra-estrutura nos assentamentos para o escoamento da produção, além de um programa para a construção de agroindústrias para os assentados.