Fonte: Folha de São Paulo

O economista Paul Singer, 75, um dos fundadores do PT, foi o idealizador da Secretaria Nacional de Economia Solidária, que hoje comanda. Para ele, as taxas de desemprego no país ainda são muito elevadas, e a economia solidária deixou de ser uma “falta de opção”. Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

FOLHA – A economia solidária surgiu como uma alternativa ao desemprego?

PAUL SINGER – A origem da economia solidária foi nos anos 80 e 90, com grande crise de desemprego e exclusão social. A partir daí começa a haver também uma opção pela economia solidária nos seus méritos, e não só por falta de opção. Estão surgindo cooperativas de pessoas que se formam em universidades, cooperativas de profissionais liberais, e há as cooperativas que recuperam empresas que estavam falidas ou estavam em crise.

FOLHA – A opção é uma tendência?

SINGER – Eu acredito que sim, sobretudo se o governo do presidente Lula tiver êxito em reduzir o desemprego. Ele já teve algum êxito nisso, mas ainda o desemprego está muito grande. Mas, se o crescimento da economia se acelerar e se houver redistribuição da renda, como já está havendo, é provável que no final do segundo mandato o desemprego ceda. Nesse caso, a economia solidária será cada vez mais uma opção.

FOLHA – Cerca de um terço dos empreendimentos é informal. Como trazê-los para a formalidade?

SINGER – Já há uma medida que eu espero que tenha esse resultado, que é a lei do Supersimples. A lei reduz muito as exigências burocráticas para registro e fechamento de empreendimentos, reduz a carga tributária, facilita o processo de venda para o governo, favorece a obtenção de crédito e assistência tecnológica.

FOLHA – Quais são as dificuldades para criar um empreendimento solidário?

SINGER – Depende do grau de informação da pessoa, mas existem hoje muitas entidades que estão nos apoiando e que estão prontas para dar toda a assistência e acompanhamento. As incubadoras universitárias de cooperativas populares são um exemplo. Hoje mais de 60 universidades brasileiras têm esses projetos de incubadoras, e a associação que precisa de orientação vai às incubadoras. Além disso, há outras entidades, como ONGs, que fazem o mesmo trabalho.

Da Sucursal de Brasília