Fonte: www.adital.com.br

Um projeto iniciado em 1999 vem beneficiando pescadores e produtores das comunidades de Bom Sucesso e Pai André, localizadas em Mato Grosso (Brasil). É o projeto Coorimbatá, que começou a partir de pesquisas do professor Nicolau Filho, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e hoje já beneficia centenas de famílias, unindo pesquisas científicas com economia solidária.

Do desenvolvimento de métodos alternativos de secagem de frutas, descobertos por Nicolau, o grupo de produtores que passou a utilizar as novas técnicas decidiu formalizar-se. Aproveitaram a Cooperativa de Pescadores e Artesão de Pai André e Bom Sucesso, que se encontrava desativada, para desenvolver as suas atividades e oferecer uma alternativa aos pescadores da região que ficavam sem trabalho durante o período da piracema.

Uma experiência integrada da Cooperativa Coorimbatá com a UFMT e a rede de Supermercados Modelo propiciou aos pescadores da cooperativa a venda de manga Bourbon (colhida na região) “in natura” e na forma de passas. Com isto, os produtores passaram a receber do supermercado 12 vezes mais do que recebiam dos compradores de outras regiões. A experiência foi repetida durante a piracema dos quatro anos seguintes. Hoje em dia, a Cooperativa já tem capacidade de produzir mais de 500 quilos de frutas secas por mês, além de outros produtos. “Toda a produção já tem um mercado consumidor garantido”, afirma o pesquisador da cooperativa Nicolau Filho.

Ele explica que a Cooperativa foi criada em 1997, com o objetivo de processar peixes e derivados e húmus de minhoca, mas até 1999, teve problemas que foram as causas dos fracassos de diversas cooperativas e associações de pessoas de baixa renda no país. Entre eles, a falta de acesso a soluções tecnológicas e a falta de controle de gastos e entradas, nas atividades realizadas pelas cooperativas.

Desde 2005, a Coorimbatá mantém relações comerciais baseadas em princípios da economia solidária com agricultores e seus familiares, quilombolas e habitantes ribeirinhos não filiados à Cooperativa. Essas comunidades abastecem com matéria prima que garante o funcionamento das unidades produtivas de processamento de doces, de produtos feitos a partir do processamento de peixes e húmus de minhoca a partir de restos sólidos das unidades produtivas. O que é produzido na cooperativa, tem comercialização privilegiada na Rede de Supermercados Modelo, seguindo os princípios de comércio justo.

Com isto, foi possível implantar as quatro unidades produtivas da Coorimbatá (pescado, húmus de minhoca, doces / chips e passas), criar cinco hortas comunitárias no Quilombo de Mata Cavalo e, sobretudo, integrar diversas atividades de diferentes esferas governamentais (municipal, estatal e federal), o que permitiu a relação de projetos de inclusão social e geração de renda no Estado de Mato Grosso. “Este é um desenvolvimento de grandes empresas de comercialização, universidades, setores governamentais e comunidades organizadas, que passaram a ter vínculos institucionais construídos coletivamente dentro de uma nova lógica sustentável econômico-social e ambiental”, afirmou o pesquisador.

As matérias sobre Economia Solidária são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).