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Até o final de 2007, será implantado em Mato Grosso do Sul o projeto piloto de um novo conceito de relação comercial: o Comércio Justo. Esta nova alternativa propõe o contato direto entre produtor e comprador, evitando que os produtos passem pelas instabilidades do mercado global.

A Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul – APOMS, localizada no município de Glória de Dourados, e a Associação de Apicultores de Rio Brilhante – Aapirb são os dois grupos que começarão a aplicar a proposta no Estado. A APOMS comercializa café e açúcar mascavo e a Aapirb, o mel.

A definição de Comércio Justo (Fair Trade) surgiu em 2001 por meio da Federação Internacional de Comércio Alternativo – IFAT (sigla em inglês), com a intenção de nortear o setor. O movimento, porém, já existe há cerca de 50 anos no mercado ético e ecológico internacional e já é aceito por mais de 40 países. Hoje o Fair Trade é considerado uma alternativa muito concreta e viável frente ao sistema tradicional de comércio.

O objetivo é viabilizar a comercialização da mercadoria com remuneração digna e estabelecer uma parceria comercial estável, baseada em diálogo e respeito. Além disso, também visa oportunizar condições decentes de trabalho para a comunidade de produtores e contribuir para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente, através da disseminação de um pensamento ambientalista.

Desde 1997, o Comércio Justo cresceu acima de 20% por ano e movimentou em torno de US$ 500 milhões em 18 países somente em 2003. A expectativa é a de continuar crescendo com taxas de 20% a 25% em volume e valor, para atingir aproximadamente US$ 1 bilhão no varejo em 2007.

Comércio Justo no Brasil

O Brasil já começou a aderir o conceito. Um passo importante para o desenvolvimento do Fair Trade no Brasil foi a vinda da FairTrade Labelling Organizations – FLO, em outubro de 2006. Ao todo, são 19 entidades certificadas pela organização que utilizam a metodologia.

Quem articula os mecanismos de implantação do método no Brasil é o Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae. A instituição atua na viabilização de acesso ao mercado dos pequenos produtores de forma justa e sustentável, incrementando a contribuição da pequena empresa para a produção nacional, elevando sua participação nos mercados interno e externo.

Uma pesquisa produzida pelo Sebrae identificou a existência de um público potencial de Comércio Justo no país. O estudo constatou que já existe uma consciência dos brasileiros sobre produtos orgânicos, que aumentaram as iniciativas de responsabilidade social nas empresas e que existe uma base agroindustrial relevante para agregar valor aos produtos agrícolas.

Segundo a pesquisa, as principais oportunidades para o Comércio Justo no mercado brasileiro são alimentos como mel, café, sucos, frutas frescas e secas e castanhas, confecções, calçados e artefatos de couro, e ainda artesanato étnico e utilitário.