Fonte: Jornal O Povo, por Adriana Albuquerque
Embora ainda pequenos, se considerado o universo financeiro do País, os bancos comunitários desempenham importante papel para as comunidades de baixa renda. Suas ações, metas e perspectivas são o foco do debate de hoje até sexta-feira no Sesc Iparana
Os 13 bancos comunitários atualmente em operação no País movimentam em torno de R$ 800 mil ao ano. Unidos em uma rede que em breve deve ganhar outros 10 afiliados já em fase de implantação, eles beneficiarão cerca de cinco mil famílias de baixa renda em 2007, com serviços de crédito produtivo ou em moeda social. Mas eles querem mais: a meta é conseguir ampliar o fundo de crédito de forma que possam disponibilizar às comunidades a soma de R$ 10 milhões em empréstimos até 2010, atingindo cerca de 500 mil famílias, com mil bancos em operação. As estratégias para chegar a este objetivo são um dos pontos a serem discutidos durante o II Encontro da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, que ocorre de hoje até sexta-feira no Sesc Iparana.
“Um dos nossos grandes gargalos é o fundo de crédito. Só para o Ceará precisaríamos de R$ 1 milhão para atender a demanda com os sete bancos que temos hoje em funcionamento no Estado. Mas dispomos apenas de R$ 300 mil”, informa Joaquim Melo, coordenador do Banco Palmas, no Conjunto Palmeiras, e da Rede Brasileira de Bancos Comunitários. Segundo ele, a idéia é implantar mais 300 bancos comunitários no Estado até 2010. Embora tivessem potencial para atender entre 10 mil e 15 mil famílias, estes bancos hoje beneficiam apenas duas mil por conta das limitações de crédito.
Durante o encontro, também deve ser feito um balanço das atividades dos bancos comunitários, de forma a dar ao Governo uma idéia do impacto de suas ações no País – para se ter uma idéia, só o Banco Palmas gerou em quase dez anos de atuação 1.400 postos de trabalho formais e informais. Serão discutidas ainda as futuras metas da rede, além de um projeto de lei que deve ser encaminhado ao Congresso Nacional instituindo os bancos comunitários como agentes econômicos aptos a operar com crédito e poupança em todo o País.
Além dos serviços financeiros para as comunidades de baixa renda, os bancos comunitários prestam assessoria aos clientes e realizam cursos de capacitação profissional e de economia solidária, entre outras ações de acompanhamento. Foi com a ajuda do Banco Bem, de Maranguape, que a Cooperativa Intermunicipal de Transportes Alternativos e Similares do Estado do Ceará (Coopguar) conseguiu se reerguer. “Passamos por muitas dificuldades e não conseguíamos empréstimos. O Banco Bem abriu as portas pra gente, conseguimos reformar carros velhos e geramos hoje em torno de 100 empregos, entre motoristas, cobradores, cooperados e funcionários da cooperativa”, comemora Davi Júnior, presidente da entidade.
Além do empréstimo a 13 dos 32 cooperados, o Banco Bem oferece aos clientes o acompanhamento de pessoas qualificadas para dar treinamento e orientação sobre como lidar com o dinheiro, entre outros. O Banco Bem tem atualmente cerca de R$ 50 mil em créditos investidos em Maranguape e atua com financiamentos entre R$ 100 e R$ 5 mil.