Fonte: Agência Brasil, por Irene Lôbo
Para os brasileiros que têm dificuldade para entrar no mercado tradicional de trabalho, ou seja, conseguir emprego com carteira assinada, o Ministério do Trabalho e Emprego criou, no ano passado, o Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária, uma nova forma de economia.
Com o projeto, pequenos produtores de banana, artesanato, pão, colares, pulseiras e brincos, entre outras coisas, podem se organizar e vender seus produtos. Os empreendimentos são fortalecidos com a ajuda de líderes comunitários, que, do dia 08 a 13/março, aprenderam a organizar grupos no conceito de economia solidária.
No total, foram treinados 331 líderes de todo o país. No treinamento, eles também foram capacitados para atuar junto aos beneficiários do programa Bolsa Família. “A idéia é aproveitar as potencialidades que essas populações já têm, porque elas já se organizam, já garantem sua sobrevivência de alguma forma e, a partir do projeto, apoiá-las para que possam se organizar coletivamente nesses empreendimentos”, explicou o diretor de Fomento à Economia solidária do Ministério do Trabalho, Dione Manetti.
A atuação dos líderes comunitários já pode ser vista em alguns lugares. Em Alcântara, no Maranhão, já existe um banco popular com moeda própria para a economia solidária. Trata-se do primeiro banco quilombola do Brasil, administrado pela comunidade negra do município.
Em Brasília, a comida que os líderes comunitários vão consumir durante o curso de capacitação será feita também por um grupo de economia solidária, do Centro de Cultura e Desenvolvimento do Paranoá. No centro, são desenvolvidas ainda atividades como alfabetização de jovens e adultos, recreação infantil e artesanato, informou Maria Creuza de Aquino, uma das diretoras da instituição. “Tem também a escola de informática e o grupo de economia solidária”, acrescentou.
Outra novidade é que os líderes também serão treinados para aplicar conceitos de preservação ambiental nos empreendimentos de economia solidária. A estudante Fernanda Freire, de Fortaleza, disse que, além de ensinar os grupos a buscar recursos para os projetos de economia solidária, pretende passar noções de consumo sustentável.
“Quando a gente fala de economia solidária, também tem que falar de meio ambiente, de preservação ambiental, porque, se for pensar na situação atual do planeta, não tem nem como pensar na economia. Ainda mais na economia sustentável e solidária”, afirmou.
Na abertura do treinamento dos líderes comunitários, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, destacou a importância da economia solidária no contexto de desemprego estrutural que vive o país: “As empresas hoje produzem mais, com menos gente, o que nos dá mais motivos para pensar em modelos alternativos de desenvolvimento local, dos arranjos produtivos locais, da economia solidária.”
O secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho, Paul Singer, que também participou da abertura da capacitação, completou: “É cada vez mais claro que a economia solidária é um importante instrumento de luta contra a fome, mas também a luta pela inserção e integração dos marginalizados e dos excluídos.”