Cordel do Software Livre

Por: Cárlisson Galdino, em http://bardo.cyaneus.net/poesias/cordel-do-software-livre

Caro amigo que acompanha

Essas linhas que ora escrevo

Sobre um assunto importante

Que até pode causar medo

Mas não é tão complicado

Você vai ficar espantado

Não ter entendido mais cedo

Aqui falo de uma luta

Da mais justa que se viu

Por democratização

Nesse espaço tão hostil

Que é dos computadores

Falo dos novos valores

Que estão tomando o Brasil

Apresento um movimento

De uma luta deste instante

Que mexe com muita gente

Por isso não se espante

Se noutro canto encontrar

Alguém a disso falar

Mal e de modo alarmante

Faço apelo à Inteligência

Se encontrar quem diga: “é não!”

Não tome nem um, nem outro

Por verdadeira versão

Leia os dois, mas com cautela

Que a verdade pura e bela

Surgirá à sua visão

Pois eu trago nesses versos

Quem buscar pode encontrar

A verdade, puros fatos

Que podem se sustentar

Já é dito em muitos cantos

Mas como já falei tanto

Vamos logo começar

Computador e internet

Vivem no nosso Presente

Mesmo sendo tão ligados

Cada um é diferente

Mas toda coisa criada

Não serviria pra nada

Se não fosse para gente

Como uma calculadora

Um bocado mais sabida

Nasceu o computador

Pra fazer conta e medida

Mas foi se modernizando

Seu poder acrescentando

E o “programa” ganhou vida

O computador não pensa

Precisa alguém dizer

O “programa” é o passo-a-passo

Diz como é pra fazer

Cada passo do roteiro

O computador, ligeiro

Faz logo acontecer

Cada programa é escrito

Por um sábio escritor

Que escreve o passo-a-passo

Como quem está a compor

E escreve totalmente

Como só ele entende

Esse é o programador

O programa assim escrito

Nessa forma diferente

Não é logo percebido

Pela máquina da gente

Um tal de “compilador”

Traduz pro computador

Numa versão que ele entende

E é assim que um programa

Tem duas formas sagradas

Uma pro programador

Outra que à máquina agrada

Sempre que alguém solicita

É a primeira que se edita

E a segunda é recriada

Isso parece confuso

Mas não é confuso não!

É como ter um projeto

Pra ter a realização

É como a gente precisa

Tela pra pintar camisa

Como planta e construção

A primeira forma tida

“Código-fonte” se chama

E o programador entende

Essa forma do programa

Mas só é aproveitável

Só no modo “executável”

Computador não reclama

Para o programador

O código é usado

Para o computador

O programa é transformado

O “executável” é feito

Traduzindo, e desse jeito

Temos o segundo estado

E por muito tempo foi

Que todo programador

Toda vez que precisava

De algo que outro já criou

Esse outro prontamente

Passava logo pra frente

O programa salvador

O código aproveitado

Poupava trabalho e tempo

O amigo aproveitava

E se estava falho e lento

O programa original

Era mudado, e afinal

Funcionava como o vento

E o programador primeiro

Como forma de “Obrigado!”

Recebia essa versão

Corrigida do outro lado

Graças ao que foi cedido

Com a mudança de um amigo

Dois programas, melhorados

Veja, amigo leitor

Como tudo funcionava

Por que ter que criar de novo

Se isso feito já estava?

Em uma grande amizade

Viveu tal comunidade

Enquanto a Vida deixava

O mundo programador

Nessa vida se seguia

Mas tudo se complicou

Quando em um certo dia

Um programador brigão

Quis arrumar confusão

“Copiar não mais podia”

Esse tal programador

Uma empresa havia criado

Queria vender caixinhas

Com um programa lacrado

Cada caixa adorável

Apenas o executável

Trazia ali guardado

E o pior é que a caixinha

Não dava nem permissão

De instalar em outro canto

O programa em questão

Mesmo pagando a quantia

A caixinha só servia

Para uma instalação

Assim veja, meu amigo

Cada programa comprado

Não traz código consigo

Só o que será executado

Não dá mais para alterar

Nem mexer, nem estudar

Esse programa comprado

Veja bem que, além disso

Apresenta restrição

O programa não permite

Uma outra instalação

“Se há outro computador,

Outra caixa, por favor”

É o que eles lhe dirão

Desse jeito que tem sido

Nesse mundo digital

Os programas mais famosos

Funcionam tal e qual

Agora lhe foi mostrado

São os “programas fechados”

Como Windows, Word ou Draw

Outra coisa que acontece

Com os programas fechados

É que quem for fazer outro

Terá todo o retrabalho

Haja quinhentos já feitos

Fará de novo, que jeito?

Pois o código é negado

E quem já tem algo pronto

Mais e mais se fortalece

Quem começa hoje sem nada

Não tem chance e já padece

Com poucos fortes então

Há bem pouca inovação

Só o monopólio cresce

Foi desse jeito que um mundo

Tão saudável e integrado

Foi trocado por um outro

Egoísta e isolado

Que lucra um absurdo

E esmaga quase tudo

Que se oponha a seu reinado

Todos estávamos tristes

Com nosso triste Presente

Um mundo de egoísmo

Era esperado, somente

Um mundo de ferro e açoite

Mas depois da fria noite

O Sol nasceu novamente

Contra esse mundo cruel

Que tudo quer acabar

Pra dinheiro a qualquer preço

Fazer tudo pra ganhar

Apareceu boa alma

Era o Richard Stallman

Que vinha tudo mudar

Aos poucos foi se formando

Uma grande multidão

De grandes programadores

Para ao mundo dar lição

E aos mais céticos mostrar

Que vale mais cooperar

Que a dura competição

Começaram a escrever

Programas de um novo jeito

E aquele código-fonte

De novo é nosso direito

Permitindo qualquer uso

E toda forma de estudo

Tudo que queira ser feito

Mais e mais programadores

Essa idéia apoiaram

E o resultado disso

É maior do que esperavam

Tantos programas perfeitos

São por tanta gente feitos

De todo canto ajudaram

Programas feitos assim

Que nos deixam os mudar

Se chamam Softwares Livres

Mas há algo a acrescentar

Eles deixam ter mudança

Mas exigem por herança

Tais direitos repassar

Assim se eu uso um programa

Que me é interessante

Posso copiar pra você

Eles deixam, não se espante!

Eu posso modificar

E você, se desejar.

Podemos passar adiante

Pra nossa felicidade,

Há tanto programa assim

Que nem dá pra ver direito

Onde é o começo e o fim

Da lista de Softwares Livres

E há muita gente que vive

Com Software Livre sim

É Firefox, é Linux

É OpenOffice, é Apache

Pra programação, pra rede

Pra o que se procure, ache

Pra desenho, escritório

Para jogos, relatório

Pro que for, há um que se encaixe

E você, se não conhece

Não sabe o que tá perdendo

A chance de viver livre

Ouça o que estou lhe dizendo

Software Livre é forte

No Brasil, já é um Norte

Basta olhar, já estamos vendo

Maior evento do mundo

Desse tema é no Brasil

NASA, MEC, Banrisul

Caixa, Banco do Brasil

Em Sergipe, em João Pessoa

Em Arapiraca e POA

Software Livre roda a mil

E se a imprensa não fala

É porque tem propaganda

De quem não quer ver o mundo

Ir para onde livre anda

E nada contra a corrente

No Brasil, infelizmente

Na mídia o dinheiro manda

Se você quer saber mais

Disso tudo que hoje eu teço

Procure na Internet

Veja agora uns endereços

softwarelivre.org

br-linux.org

E a atenção agradeço