Fonte: Cáritas Notícias

As principais entidades, organizações e movimentos sociais que lutam contra a transposição das águas do Rio São Francisco protocolaram no Palácio do Planalto (6/2) uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrando a retomada do diálogo entre governo e sociedade civil, assim como a suspensão imediata do projeto de transposição.

Após a greve de fome de onze dias realizada pelo bispo de Barra (BA), Dom Luiz Cappio, em outubro de 2005, o governo federal assumiu o compromisso de suspender o projeto e de discutir com as entidades e com as populações do Semi-Árido um Plano de Desenvolvimento Sustentável para a região.

No documento, os movimentos se dizem surpresos pela relevância que o projeto recebeu no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – no qual foram destinados R$ 6,6 bilhões para a transposição – e pelo anúncio de que as obras tenham início ainda em fevereiro. “Não é possível a retomada desta construção conjunta sem a suspensão imediata da implementação do projeto de transposição”.

Para o assessor nacional do Programa de Convivência com o Semi-Árido da Cáritas Brasileira, Luiz Cláudio Mandela, a falta de debate acerca do assunto é o principal problema. “A grande questão é que o governo não mudou em nada a sua primeira proposta. E pior, reafirma, erroneamente, que a transposição vai trazer desenvolvimento para a região, quando na verdade quem vai sair ganhando é o agronegócio”, afirmou o assessor. Segundo Mandela, além de recorrer à Justiça – no dia 6/2 os movimentos entraram com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do ministro Sepúlveda Pertence, que em dezembro derrubou as liminares que impediam a transposição –, as entidades estão planejando mobilizações e vão insistir no diálogo com diversas instâncias do governo. O documento na íntegra e outras informações em www.cliquesemiarido.org.br.