Fonte Secretaria Executiva

Na última edição impressa da Revista Fórum (janeiro/ 46), na coluna Vitrine Solidária, foi publicada uma matéria sobre a participação do FBES nas edições do Fórum Social Mundial.

Abaixo reproduzimos a entrevista realizada pela jornalista Daniele Próspero com João Roberto, do IBASE e integrante das Coordenações Executiva e Nacional do FBES.

1) Como a economia solidária vem sendo discutida ao longo dos Fóruns Sociais Mundiais? Podemos dizer que há uma evolução no debate?

Importante dizer que o Fórum Brasileiro de Economia Solidária, com atuação hoje em todos os estados da federação (www.fbes.org.br), tem origem no primeiro Fórum Social Mundial, quando organizações brasileiras que atuavam com a questão se articularam para organizar atividades de economia solidária naquele primeiro Fórum, em 2001.

De lá para cá, não apenas o Fórum Brasileiro vem ganhando mais força, como também avançou a articulação da economia solidária em nível internacional. Três destaques: o Fórum em Mumbai, em 2004, em que se revela a força da economia popular e solidária no contexto asiático; o Fórum de 2005, em que a economia solidária é reconhecida pelo Conselho Internacional com uma das principais alternativas concretas à globalização neoliberal, sendo os empreendimentos econômicos solidários convocados para fornecer bens e serviços para os participantes do Fórum; e, finalmente, a criação em novembro de 2005 da RIPESS – Rede Intercontinental de Promoção da Economia Social e Solidária, uma articulação intercontinental da economia solidária que tiveram também sua origem no primeiro FSM.

2) Qual o impacto real do FSM para os empreendimentos solidários que marcam presença nas atividades?

O impacto principal, me parece, ainda é o da construção de identidade, ou seja, de definição de princípios e bandeiras que conformam um campo de lutas e políticas de atores emergentes: o trabalhador(a) associado(a) e o consumidor responsável. È também verdade que o FSM serve para fortalecer o movimento de economia solidária dentro e fora do país, o que sem dúvida favorece os empreendimentos não apenas pelo intercâmbio com outras experiências, mas também pela construção de políticas de promoção da economia solidária, que, no caso brasileiro, vem sendo realizadas pela Secretaria Nacional de Economia Solidária e também por outras secretarias, nos ministérios do desenvolvimento agrário e do desenvolvimento social.

3) No FSM de 2005 a proposta foi contratar empreendimentos que parar atender às necessidades do FSM, articulando-os em seis segmentos: confecção e vestuário, serviços, reciclagem, artesanato, alimentação e abastecimento. Qual foi o resultado disso? Realmente teve uma ação efetiva?

Antes de mais nada, o resultado foi pedagógico. O pouco tempo e recurso disponíveis para organizar toda a estrutura impediu que houvesse um processo mais organizado e que permitisse uma maior visibilidade e implicação dos espaços da economia solidária com o restante do território do fórum. Mesmo com estas dificuldades, a economia solidária demonstrou que tem densidade organizativa e econômica para ocupar espaços que hoje são corriqueiramente dominados pelos empreendimentos convencionais, que atuam na maior parte dos casos terceirizando ou precarizando relações de trabalho.

4) Neste mesmo fórum, circulou também a moeda social. Qual o diferencial de utilizar este tipo de recurso para os participantes? Foi proveitoso? Sua ação pode ser estendida em outros ambientes ou ainda estamos longe disso?

Novamente, o resultado foi pedagógico. Havia uma dificuldade de se reproduzir a sistemática das moedas sociais em um evento pontual. A opção foi por fazer que tivesse mais um efeito demonstrativo, de divulgação, das possibilidades e dos mecanismos para o desenvolvimento destas práticas. Neste sentido, a experiência foi muito bem sucedida.