Fonte: http://www2.uol.com.br/pagina20/10122006/c_0410122006.htm

Dados levantados pela organização da Feira de Economia Solidária mostram que no Acre outra economia acontece

Realizada no período de 30 de novembro a 3 de dezembro, a III Feira de Economia Solidária (Fecosol) reuniu cerca de 150 empreendimentos de 21 dos 22 municípios do Acre com pessoas que trabalham segundo a lógica da Economia Solidária. Nela, foram colhidos resultados que reafirmam a existência de uma outra economia no Estado, gerando perspectivas de se trabalhar com mais intensidade na área. Os protagonistas dessa história são, sobretudo, associações, cooperativas e grupos de produção.

Cerca de 300 pessoas puderam participar da programação de formação, coordenada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia). Os temas abordados nas oficinas temáticas, debates, palestras e seminários foram: Economia Solidária “Outra economia acontece no Acre”, Incentivo ao desenvolvimento de cadeias produtivas, certificação sócio participativa, sistema nacional de comércio justo e solidário, cooperativismo, associativismo e agricultura orgânica.

A inovadora Rodada de Negócios, na feira, foi organizada pela Agência de Negócios do Acre (ANAC), e 30 empreendimentos e 5 empresas ancoras realizaram negócios futuros. O Programa de Avaliação da Feira foi coordenado pela UNITRABALHO, onde o publico visitante, as entidades de apoio e empreendimentos foram entrevistados e forneceram impressões sobre a importância do evento.

Todos estes dados são de grande relevância para a conclusão do evento, que mostra que a existência da Fecosol é importante neste processo de valorização e solidificação de uma outra economia no Estado.

A 3ª Fecosol, foi realizada pelo Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Rio Branco, Delegacia Regional do Trabalho, e faz parte do Programa Nacional de Fomento às Feiras de Economia Solidária da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A coordenação-geral do evento ficou a cargo da Secretaria de Assistência Técnica e Agroflorestal (Seater), através da Gerência de Economia Solidária. A Feira teve o patrocínio da Fundação Banco do Brasil, Instituto Marista de Solidariedade, Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT), Banco da Amazônia, Projeto de Gestão Ambiental Integrada (PGAI), WWF e GTZ.

Os principais parceiros locais para realização do evento foram: Ibama, Incra, Reaja, CNS, Pesacre, 7º BEC, NIDAC, Unitrabalho/Ufac, ADS/CUT, GTA, RAMH, Rede de Educação Cidadã/Talher e Anac.

Produtos

Foram realizados na Feira, a comercialização de produtos e serviços diferenciados, em que era possível encontrar desde artesanatos, pães, bolos, doces, peixes, frangos, produtos agro-ecológicos, fitoterápicos, bordados, peças de materiais recicláveis, roupas até acessórios, dentre muitos outros.

A feira proporcionou espaço para integração e articulação entre os empreendimentos, instituições governamentais e entidades de apoio e fomento. Além disso, ofereceu oportunidade para o fortalecimento do fórum estadual de economia solidária, para a realização de oficinas e o avanço conceitual de uma economia baseada no cuidado e no respeito humano e ambiental.

Diferencial

O diferencial e grande avanço da Fecosol foi o projeto Feira Limpa – Ato de Cidadania que buscou adotar ações de preservação do meio ambiente. A divulgação do projeto foi garantida pelas diversas placas espalhadas na Feira e pelos esforços dos jovens – boa parte voluntários do Projovem – que informavam visitantes e participantes sobre o uso adequado dos resíduos sólidos produzidos durante o evento. Já a coleta seletiva foi feita pelos Integrantes do Projeto Catar. A preocupação com o meio ambiente se estendeu até nos materiais utilizados pela organização: tudo feito de papel reciclado.

Cultura

A Fecosol abriu espaço para diversas atividades culturais. Teatro, música, dança e outras expressões artísticas tiveram espaço e público. Essa abertura abriu um novo espaço para os artistas que atuam no Acre, se firmando como mais um importante evento no calendário do Estado.

Entre os artistas, Grupo de Teatro Garatuja, De Olho na Coisa. Shows musicais com Roda de Samba, Musical Preta Brasileira, A Fazer, Raça Ruim, Dona Chica e Caravana do Pecado embalaram o público, entre outros, que se despediram do evento ao som da voz da atração nacional, o cantor e compositor Renato Teixeira.

Multiplicar

Com a experiência da moeda social, um dos objetivos foi de formar multiplicadores no seu uso, como instrumento para as trocas solidárias no Acre. Sandra Magalhães, do Banco Palmas de Fortaleza, coordenou as “Trocas Solidárias”, juntamente com Altamir Costa, gerente de crédito da Seater, que coordenou o Ecobanco (banco de troca da moeda social).

O resultado foi positivo e muitos empreendimentos trocaram produtos e serviços pela moeda social local, a “Seringueira”. Satisfeita com o resultado do Ecobanco, Samirame Carvalho comemora: “A moeda social é símbolo da cooperação, solidariedade e do compromisso de cada um com a construção de um mundo melhor”.

O “Mercado de Trocas” funcionou durante toda a Feira Estadual, buscando esclarecer como funciona o processo e facilitando as trocas entre os interessados.

Rizoneide Amorim, representante do Instituto Marista de Solidariedade (IMS), garante que o empenho da comissão organizadora do Acre, formada por cerca de 50 pessoas distribuídas em 10 grupos, demonstra que a realidade é mais rica que qualquer teoria.

Articulações

A Fecosol finalizou suas atividades com reuniões de articulação para os próximos passos da Economia Solidária no Acre. Um dos próximos desafios será de promover a I Feira Internacional do Acre, que deve acontecer em moldes semelhantes aos da II Feira de Economia Solidária do Mercosul realizada em julho, na cidade de Santa Maria – RS. A cidade firmou-se como referencial de cooperativismo entre países da América Latina.

Na pauta da agenda ainda existe a proposta de realização da IV Feira Estadual de Economia Solidária, em 2007, e da Iª Feira Panamazônica que reuniria todos os Estados do Norte, e os países próximos a essa região do Brasil: Bolívia, Peru, Venezuela e Colômbia.

A feira de economia solidária é mais um estímulo de como se pode criar uma nova forma de a sociedade se organizar para fortalecer a economia local, valorizando as potencialidades locais. E também abrir espaço para que produtores e artistas mostrem seus trabalhos.