Fonte: Agência Adital
O Instituto Socioambiental e o Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi) lançaram esta semana um dos estudos mais completos sobre a situação indígena no Brasil. “Povos Indígenas do Brasil” é resultado de 25 anos de intenso trabalho em busca de um panorama, senão preciso, pelo menos próximo dessa população sobre a qual, até hoje, pouco se sabe – ou o que sabe se dá através de dados defasados e pouco confiáveis. De acordo com o levantamento do trabalho, hoje temos 222 povos, 370 mil pessoas formam esta parcela do Brasil, e são mais de 180 línguas diferentes faladas.
Os números acima demonstram, óbvio, resistência. O que dizer de um grupo que já foi estimado em 1.000 povos e 4 milhões de habitantes na época da colonização no Brasil? O trabalho afirma que, atualmente, “a maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas no interior de 582 Terras Indígenas, de norte a sul do território nacional”.
Ainda sobre o aspecto populacional, o estudo menciona a “recuperação demográfica”, pois constatou-se que a maioria dos povos indígenas tem crescido numa média de 3,5% ao ano, acima da média anterior de 1,6%. A queda da mortalidade infantil e acesso à saúde são algumas das razões para este crescimento populacional. Os direitos indígenas adquiridos ao longo dos últimos anos também foram importantes para que os indígenas começassem a se reconhecer como indígenas e se aproximassem mais de suas raízes e defendessem suas causas.
Mas, indo mais além dos dados quantitativos, “Povos Indígenas no Brasil” é rico ao mostrar como vivem estas populações, aprofunda sobre as línguas ainda existentes e inclui uma parte, a Enciclopédia (em fase de elaboração), onde será possível ter informações específicas sobre cada um dos povos.
Na parte de direitos e deveres, o estudo tem um levantamento bastante eficaz sobre as organizações – e a importância delas para o empoderamento dos indígenas. Hoje, praticamente em todos os estados existe alguma associação ou entidade que atua em defesa das questões indígenas, servido de aparato para várias questões, sobretudo no que diz respeito à demarcação de terras – fator primordial que motiva conflitos em vários pontos do país.
Num balanço geral, apresenta o quadro de Terras Indígenas (TIs) que foram declaradas e outras que foram homologadas nos últimos quatro governos brasileiros.
“Ao apresentar informações atualizadas e qualificadas, ‘Povos Indígenas no Brasil’ (sub-site do Instituto Socioambiental – ISA) tem o objetivo de contribuir para um maior conhecimento e respeito em relação a essas populações. Estima-se que existam hoje no mundo pelo menos 5 mil povos indígenas, somando cerca de 350 milhões de pessoas. No Brasil, até meados dos anos 70, acreditava-se no desaparecimento dos povos indígenas como algo inevitável”, ressalta o texto de apresentação do estudo.