Fonte: Agência Adital
O número de jovens entre 15 e 24 anos que estão desempregados aumentou durante a última década, enquanto que outras centenas de milhões têm trabalho, mas, ainda assim, vivem em condições de pobreza, revela o novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Na América Latina, o desemprego juvenil também é persistente e, além disso, é necessário melhorar a qualidade dos empregos.
O relatório divulgado neste final de outubro adverte que o desemprego juvenil global registra uma taxa de 13%, praticamente o dobro do desemprego geral de 6,4% e muito acima do desemprego dos adultos, que é de 4,5%. Numa década, aumentou em mais de 14% o número de jovens sem emprego. “Enfrentamos uma crise mundial de emprego juvenil”, diz o documento.
Na América Latina e Caribe, a situação é ainda mais visível, já que, segundo o relatório da OIT, o desemprego juvenil é de 16,6%, dobro da taxa de desemprego geral (urbana e rural) de 8,3% registrada pela OIT no começo deste ano. “Podemos dizer que quase um em cada dois trabalhadores desempregados na América Latina é um jovem, uma carga pesada para este grupo, se considerarmos que representa somente 26,9% da população em idade de trabalhar”, disse a especialista da OIT, Sara Elder, co-autora do novo relatório.
A escassez de empregos disponíveis para os jovens que querem trabalhar, contudo, é só a parte mais visível do problema. Com freqüência, as dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho levam estas pessoas entre 15 e 24 anos a aceita empregos de pouca qualidade e com salários baixos na economia informal. Segundo cifras contidas neste novo relatório, 13,3% dos jovens trabalhadores da América Latina vivem abaixo da linha de pobreza, com um dólar por dia.
A OIT adverte que o desemprego juvenil e as situações nas quais os jovens abandonam a busca de emprego por frustração ou estão subempregados em condições impróprias “gera custos para a economia, para a sociedade e para os indivíduos e suas famílias”. “A carência de um emprego decente no início da vida pode comprometer as perspectivas de emprego que uma pessoa terá no futuro”, agrega. Destaca que é fundamental contar com estratégias que façam frente, especificamente, aos problemas trabalhistas dos jovens.
O relatório da OIT precisa que a região latino-americana tem alguns desafios importantes para enfrentar neste campo: as barreiras que existem para a entrada de mulheres jovens ao mercado de trabalho; a melhoria no sistema educativo e nas taxas de assistência às classes; o estimulo ao investimento e à criação de emprego; o crescimento do setor formal; e a melhoria na qualidade dos trabalhos.
Entre 1995 e 2005, o número do jovens desempregados em todo o mundo aumento de 74 para 85 milhões, um aumento de 14,8%. O relatório acrescenta que, aproximadamente 25% da população juvenil, ou seja, 300 milhões de pessoas, vivem abaixo da linha da pobreza, com dois dólares por dia.
A OIT estima que serão necessários 400 milhões de empregos decentes e produtivos, ou seja mais e melhores empregos, para aproveitar ao máximo o potencial da juventude atual. Segundo o relatório, a possibilidade de que um jovem esteja desempregado triplica a de um adulto, e destaca que as desvantagens relativas as quais vêm enfrentando são maiores no mundo em desenvolvimento, onde representam uma porção maior da força de trabalho que nos países industrializados.
“A incapacidade das economias para criar empregos decentes e produtivos, apesar do aumento no crescimento econômico está afetando os jovens do mundo com força”, disse o diretor geral da OIT, Juan Somavia. “Além de gerar um déficit de oportunidades de trabalho decente e altos níveis de incerteza econômica, esta preocupante tendência ameaça prejudicar as perspectivas econômicas de um de nossos principais recursos, nossas mulheres e homens jovens”.
A taxa de desemprego juvenil mais elevada foi registrada na região do Oriente Médio e África do Norte, com 25,7%. A Europa Central e do Oeste (não UE) e a CEI têm a segunda mais alta taxa com 19,9%. A taxa da África do Sul do Saara foi de 18,1%, seguida da América Latina e Caribe, com 16,6%, Ásia Sul-oriental e o Pacífico, com 15,8%. As economias industrializadas e a União Européia, com 13,1%, Ásia Meridional, com 10% e Ásia Oriental com 7,8%.