Fonte: Agência Adital

Entre os dias 8 e 12 de outubro realiza-se o Encontro Continental de Povos e Nacionalidades Indígenas de Abya Yala (América Latina), em La Paz, sob o tema “Da resistência ao poder”. Milhares de indígenas de países como Colômbia, Argentina, Equador, Canadá, Venezuela, Panamá, Nicarágua, México, Guatemala, Chile, entre outros, organizam os trabalhos nas diferentes comissões estabelecidas, tais como: soberania e governo; análise dos direitos internacionais indígenas; identidade e convivência; culturas, educação e línguas; organização e perspectivas econômicas; dívidas históricas, sociais e ecológicas; juventude e complementação homem-mulher no processo de mudança; alianças estratégicas; e comunicação indígena.

Segundo a rede de notícias indígenas Ukhamawa, as atividades foram interrompidas, em parte, devido ao bloqueio e à greve de transportes na cidade de La Paz, o que dificultou tanto a chegada das delegações nacionais, como internacionais, bem como o deslocamento dos participantes ao encontro.

Lorenzo Muela, indígena guambiano, do Estado de Popayán, Colômbia, afirma que seu povo conta aproximadamente com 22 mil habitantes e tem sua própria língua, o guambiano. O mais importante que viu nestes dois dias de encontro é a identidade cultural que se mantém e é importante porque se estava perdendo e agora existe consciência que tem que se mantida, se recuperar e deixar como patrimônio aos filhos.

Tito Poyo, representante do Conive e do Parlamento Indígena Venezuelano, afirma: “estamos cheios de esperança que nestes dias saiam fortes linhas de trabalho. A diversidade de participação e a diversidade de temáticas que estão sendo levadas à frente aqui consideramos que são de vital importância para nossos povos, para que com base em sua identidade, em suas propostas e sua própria política, possamos avançar na reconstrução do Abya Yala, que é nossa mãe terra e, também, apoiando nosso presidente Evo Morales aqui na Bolívia”.

O encontro começou com uma homenagem ao legendário guerrilheiro Ernesto Che Guevara, como parte do 39º aniversário de seu assassinato no povoado de La Higuera. Durante o ato inaugural do encontro, Humberto Cholango, da organização Ecuarunari, do Equador, advertiu sobre o imperialismo estadunidense: “que não tente meter as mãos na terra sagrada da Bolívia contra o governo de Evo Morales porque explodirá um barril de pólvora humano em defesa do povo boliviano e do primeiro governo indígena desta nação”.

Durante os dias seguintes do Encontro, os representantes dos povos originários do continente americano, como mapuches, kunas, mayas, dakotas, yatamas, manitobas, wichwas, misakes, toboyalas e delegados dos povos ancestrais da Bolívia, como aymaras, quechuas, guaraníes, sirionós, chiquitanos, ayoreos, chipayas, urus y chimanes, entre outros povos, destacaram a liderança indígena do presidente Evo Morales.

Cholango afirmou que as conclusões desta reunião serão de transcendental importância para os indígenas, não só do continente, e sim do mundo, pois se chamará a atenção para o que significa o colonialismo interno e externo que se vive em cada um dos países. Ele convidou o presidente Morales e as organizações camponesas, indígenas originários e movimentos sociais para a concentração que se realiza no dia 12, na Praça San Francisco, de La Paz. Neste ato de massas, serão divulgadas as conclusões do Encontro Continental de Povos e Nacionalidades Indígenas do Abya Yala.