Fonte: http://www.jcam.com.br

A economia solidária já é uma realidade também em aldeias indígenas. Por meio de agentes de desenvolvimento, o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) tem levado para as comunidades do Alto Solimões (AM) o conhecimento de como constituir e administrar empreendimentos econômicos solidários.

A estratégia é uma iniciativa da Senaes (Secretaria Nacional de Economia Solidária), do MTE, que está possibilitando a inclusão de organizações indígenas em políticas públicas de geração de emprego e renda.

Os agentes de desenvolvimento foram treinados pela Senaes no início do ano, se destacaram nessas comunidades, e retornam às aldeias para colocar em prática o conhecimento adquirido.

Ao todo, são 182 comunidades indígenas no Alto Solimões, que reúne cerca de 100 mil pessoas. Por enquanto, são nove agentes em seis comunidades, mas a intenção do projeto é alcançar todas as aldeias.

O projeto é uma parceria da Senaes com a FUnB (Fundação Universidade de Brasília) na intenção de impulsionar a economia solidária nessas comunidades.

A articulação é feita pela socióloga Ana Cláudia Chaves, que mobiliza as associações com perfil para trabalhar neste segmento, juntamente com a Organização Indígena Regional do Alto Solimões e a FOCCITT (Federação das Organizações Indígenas, Comunidades e Caciques da Tribo Ticuna do Alto Solimões).

Segurança alimentar

Os agentes já estão desenvolvendo projetos nos municípios Benjamin Constant, Tabatinga, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Amaturá e Santo Antônio do Içá, comunidades que já possuíam alguma atividade, mas que não eram contempladas com ações de economia solidária.

Algumas iniciativas já têm referência no sentido de organização, inserção e diretrizes amparadas na economia solidária, como a Amatu (Associação das Mulheres Artesãs de Bom Caminho) e a Cacib (Cooperativa Agropecuária da Comunidade Indígena de Betânia), organizações indígenas fundadas com o objetivo de garantir a segurança alimentar e promover a identidade cultural por atividades geradoras de renda local.

A Amatu, fundada em 1999, busca defender a promoção das atividades econômicas e sociais da comunidade, promovendo a comercialização do artesanato ticuna. Nesta atividade, trabalham diretamente 60 mulheres e 15 homens que comercializam seus produtos e dependem diretamente da comercialização de seus trabalhos. A Cooperativa Agropecuária Indígena da Comunidade de Betânia tem como foco a agricultura familiar e a piscicultura, comercializando farinha de mandioca, abacaxi, melancia, cará e outros produtos da aldeia.

Os agentes têm como desafio estimular o trabalho coletivo e participativo entre as associações existentes – muitas constituídas por relações de parentesco ou separadas pelos ‘bairros’, com áreas próprias de desenvolvimento de atividades produtivas-, possibilitando acesso aos programas sociais e projetos da economia solidária.