Fonte: e_solidaria@yahoogrupos.com.br

Passado o primeiro turno eleitoral que definiu a realização de segundo turno para escolha presidencial, a lista e_solidaria iniciou uma discussão sobre o voto e a mobilização em torno desta eleição.

Logo na segunda (dia 02/10) Daniel Tygel (dtygel@fbes.org.br) enviou uma mensagem na qual expressava a “sensação de luto pelo resultado das eleições de ontem, pelo menos no nível federal. Desde o retorno de Collor até a ameaça real da volta ao poder da aliança PSDB-PFL.”

Para ele “não há dúvidas de que a militância deve se reacender neste momento delicado. Não há dúvidas que a imprensa fez uma campanha de artilharia final nas últimas semanas de eleições. Mas também não há dúvidas de que é preciso repensar totalmente as práticas da esquerda, baseadas no ultrapassado lema guerrilheiro de que “os fins justificam os meios”. Esta indiferença aos “meios” (julgando que o “objetivo final” é o que interessa, e justifica qualquer coisa) oferece armas poderosas aos grupos que representam seja um retrocesso à direita truculenta (PFL e cia), seja a cópia da “onda neo-liberal” do império empresarial (PSDB e cia). Me faço a pergunta: é impossível jogar limpo? É impossível buscar trabalhar as bases, desde a organização popular até os cargos pequenos de vereança, prefeitura, deputados, etc? Será que temos que entrar no jogo sujo eleitoral do poder a qualquer custo? Se sim, então não acredito nesse nosso sistema político. Concluindo: irmos ao segundo turno pode significar a necessidade de clarearmos nossas posições, e de pararmos de acreditar no “milagre do bom governo”: temos que ir para as ruas pela reeleição sim, mas sem ingenuidades nem crenças cegas de que “estamos do lado certo”. Ao contrário, temos que ir para as ruas pela reeleição do governo Lula, e internamente nos fortalecermos para termos uma ação forte da sociedade civil frente ao mesmo. Se Lula vencer, não mais podemos dizer “chegamos ao poder”: temos que exercer a cidadania ativa, a mobilização popular, e a pressão ao governo. Se queremos transformar algo, temos que mexer no nosso cotidiano, “devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”, como dizia Gandhi. Definitivamente, os fins não justificam os meios. Esta é a principal conclusão que eu tiro dos resultados desta eleição. É hora de mostrarmos a nossa cara, e lutar pela reeleição de Lula, pelo que representa e pela ameaça que vem do outro lado. Temos que nos mobilizar!!!!!!!!!!”

Em pouco tempo três companheiros manifestaram apoio à mensagem de Daniel: João Luís, Ary Guarilha e Valdemir Anchesqui, afirmando que é hora de denunciar as “mazelas e desmonte do estado pelo PSDB/FHC e contra a Globo a satã do Brasil e dos pobres” (vanchesqui@click21.com.br) e alertando para o resultado das eleições estaduais que garantiram lugar para políticos que nada fazem (fmjsilva@yahoo.com.br). Mais tarde outras manifestações de apoio a Lula foram aparecendo, como de Paulo Henrique de Morais (paulosolidario@yahoo.com.br), Durval Gomes de Moura(durvalgomes@hotmail.com), Edecarlos Rulim (edecarlosr@yahoo.com.br), Paulo Palhano (colmeiasbrasil@yahoo.com.br), Andréa Mendes (amazoniasannyah@yahoo.com.br), Isolda Dantas (isolda@cf8.org.br), Maira Rocha (marocha@usp.br), Josiane Bezerra Tiburcio (negajo2@yahoo.com.br), Sandra Helena (sandraecosolsp@yahoo.com.br), Carlos Henrique (clubedetrocas@ig.com.br), Maria Dalvani (dalvanimaria@ig.com.br), Oscarina Camillo (oscarinasp@yahoo.com.br) e Josinaldo Aleixo (josi@capina.org.br). Ponderações sobre a postagem de mensagens de cunho partidário foi enviada por Maria Hortência de Souza (hortenciamendes@hotmail.com) e críticas à defesa do governo Lula e apoio à sua reeleição foram enviadas por Diogo Almeida (diogofar@yahoo.com.br). Em sua mensagem do dia 04 de outubro, Diogo finaliza escrevendo que “Repito, votarei em Lula? Sim, mas porque acho que os de direita assumidos serão piores que os que se dizem de esquerda. Porque companheiro, não vejo minha ideologia nesta esquerda.”

A seguir reproduzimos algumas mensagens de apoio e mobilização para a reeleição de Lula a partir do movimento de economia solidária.

Bené (otideneb@ufsj.edu.br) escreveu que “depois desta noite, em que ‘dormimos’ com a sensação de não ter ganho a eleição, sinto que os sonhos voltaram a povoar nossas mentes muito mais fortemente. Não ganhamos AINDA! Aliás, não ganhamos como tínhamos que ter ganho, porque estivemos pouco nas ruas. Isso a mídia sacou! E aproveitando o vácuo, estendeu o pleito por mais trinta dias. Agora depende de nós! Vamos para rua para barrar a mídia golpista e reafirmar a necessidade de um novo mandato, agora muito mais popular e participativo, sem, como o nosso Lula falou, os ALOPRADOS. Agora é com o povo… E o movimento de economia solidária junto, para garantir um governo com a nossa cara! Valeu pelo primeiro round, já derrubamos dois, vamos vencer esta luta!”

Para Sônia Kruppa (skruppa@uol.com.br) “a hora é agora! Se não formos já às ruas, a direita vence! Digo isto, aqui, do reduto conservador do Estado de São Paulo! Como educadora, é difícil de acreditar que, depois do desmonte da educação paulista, o Serra, que representa a continuidade e o aperfeiçoamento do projeto neoliberal na educação, tenha conseguido esta expressiva votação. Não dá para ficar discutindo nossas diferenças, agora! Temos que ir à rua como militantes entusiamados pela afirmação de que devemos continuar construindo um novo país, possível, necessário e urgente a milhares de brasileir@s! A Economia Solidária com sua prática de homens e mulheres já vem demonstrando isto, não é!? Também não podemos deixar de dar um brado de alegria: Viva a Bahia que venceu o coronelismo! Que a força e a alegria baiana nos contamine neste segundo turno tão difícil!”

Ângelo Cavalcante (angelocavalcante@yahoo.com.br) despertou após o domingo de eleições com “um gosto amargo de fel…Simplesmente não acreditei no que vi. Estupefato, bestificado e em um transe pessoal que me arrebatou desde sexta-feira…Mas é o Alckmin? É sim. O mesmo que deixou a educação de São Paulo em uma lástima, que arruinou a segurança do estado, dando vida a um monstro de mil cabeças chamado PCC, que barrou mais de sessenta CPI’s na Assembléia Legislativa contra seu governo. Uma das lideranças mais conservadoras e elitistas do PSDB. Lula venceu no primeiro turno e vai vencer no segundo. Esse homem maravilhoso, com os seus “companheiros” nem tão maravilhosos assim, resistiu ao imenso e intenso bombardeio de três CPI’s, ao fogo cerrado de uma mídia golpista e magoada, a uma campanha suja e mentirosa desencadeada pela díade PSDB/PFL, aos arroubos intempestivos da Heloisa Helena e, por fim, a uma lambança de dimensões históricas e que envolviam um dossiê com denuncias concretas contra o Serra. LULA CONSEGUIU! Vocês se esqueceram que estamos falando de Brasil!? Bom, creio piamente que o que cabe ao movimento de economia solidária que foi vitaminado pra valer no Governo Lula é ir pra rua, é mobilizar seus quadros, é pedir voto, formar opinião e contribuir, sem hesitar, sem pestanejar e sem vacilar. É chegada a hora e é o que nos cabe neste latifúndio.”

Miguel Steffen (miguelste1@yahoo.com.br) colocou que sentiu falta de manifestações de apoio à candidatura do Lula no primeiro turno. Ótimas manifestações, senti falta disso no primeiro turno. Nossa posição enquanto militantes da ES é fundamental para o sucesso desta empreitada. Aqui no RS temos outro embate, os tucanos vem de “mansinho” e quando nos damos conta tomam o poder dos trabalhadores. Quero também ressaltar que estas eleições, na proporção devida refletem também a Luta de Classes, de um lado o poder econômico e a burguesia tradicional, a direita raivosa e todos os aparelhos a quem ela serve vão mostrar sua força. De outro lado o povo, os trabalhadores e trabalhadoras históricamente excluídos. É chegada a hora de animarmos as massas. Fazer com que o povo acorde para o que está em jogo. Não é uma mera eleição e sim a disputa histórica de hegemonia e poder. Globo, Veja, Folha de São Paulo comemoram abertamente. Os que nos manipulam estão festejando, precisamos nos unir. Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil é chegada a hora. Podemos ficar em casa, assistindo o debate, ver a história passar diante dos nosso olhos e lamentar quando o dragão novamente estiver no poder. Mas também podemos ir as ruas, conversar, convencer, incendiar o Brasil com a Alegria de ser militante e querer um Brasil PARA TODOS. Temos que abertamente dizer, quero LULA, meu presidente. O presidente do povo.

Edna Paro (ednaparo@yahoo.com.br), do Acre, escreveu “não podemos admitir que uma pessoa igual a esse candidato,(o engomadinho) venha a ser nosso presidente, ele não conhece nada de pobreza, acho que nem a empregada da casa dela ele conhece direito deve ter nojo de pobre. Vamos a luta companheiros precisamos do lula-lá no palácio do Planalto para defender o pobre e o trabalhador! A nossa economia solidária pode virar economia solitária. Quero aqui nesse grito de guerra conclamar a todos e todas para irmos para esses dias de campanha como se fossemos para guerra, e a nossa trincheira é o convencimento: a conversa de que melhor pra o Brasil para os brasileiros mesmo é nosso querido e admirável presidente Lula continuar para o palácio do Planalto, onde o f.m.i. achava que nunca iria deixar de mandar e com o Lula, esse povo agorento teve que ir embora do Brasil.Vejamos o queremos para o nosso futuro, os americanos tomando conta do brasil, ou os brasileiros sendo dono do seu próprio país. Se depender de mim e toda a minha família, o Lula vai estar lá de novo com a força do povo deste país que não quer ver os seus filhos passando fome. Vamos meus irmãos da economia solidária, vamos trabalhar! Lembrem-se melhor o Lula com a economia solidária do que o tucanos com o seu bico comendo a todos com seu bico de morte. Vamos a luta companheiros não podemos deixar a peteca cair.

Paulo Palhano indicou algumas ações nesta mobilização para a reeleição de Lula: “a) não agir sozinho; sempre fazer ações em grupo, de forma organizada. mas, não precisa ser um grupo muito grande de pessoas – claro, se conseguir juntar um bom numero será legal; penso até que os Foruns Estaduais poderia dialogar sobre a conjuntura atual; b) procurar pensar um plano de ações educativas populares que denuncie, que demonste o opositor, que apresente as realizaçoes do governo lula, mas sobretudo, seja um dialogo propositivo, trazendo a realidade local e nacional… creio que as ações de economia solidaria devem ser explicitadas para toda a nação; c) ter cuidado em analisar bem os resultados locais e nacionais, para ter um discurso afiado, dando conta da conjuntura politica.”

“O resultado deste primeiro turno é confuso e complexo” para Marcos Arruda (marruda@pacs.org.br). “Primeiro, é preciso lembrar Lula foi para o segundo turno não por causa do Alckmin, nem de nós, que votamos na Heloisa Helena ou no Cristóvam, em protesto contra a desfiguração de um governo eleito para lançar as bases de uma transformação socioeconômica do Brasil e da ética no ato de governar: o segundo turno foi obra do próprio Lula e do PT. Segundo, adotando a ótima do interessa das camadas oprimidas e exploradas do Brasil, há que definir como objetivo principal do segundo turno DERROTAR ALCKMIN e o projeto de aprofundamento das contra-reformas neoliberais. Hoje mesmo lemos da pena de um dos próceres do governo FHC, Luis Carlos M. de Barros, a afirmação de que um governo PSDB realizará a privatização definitiva da Petrobrás! Não vai sobrar nada do Brasil nas garras de um PSDBista que é também da Opus Dei! Portanto, para todos nós, indignados e revoltados com o governo Lula e ao desmonte do PT de massas, popular e socialista, não se trata de votar no Lula mas de derrotar Alckmin e as forças que ele representa. Mas o apoio à reeleição não deve ser feito de graça. É preciso pressionar Lula contra o apoio dele a Sergio Cabral no Rio de Janeiro, e a todo candidato espúrio como ele noutros estados, é preciso convencer HH e Cristóvam a fazerem uma frente com seus quase 10% de votos somados, e irem negociar com Lula o apoio em troca de mudanças na política econômica e na ética de governar. A plataforma de 10 pontos que estamos construindo com as Assembléia Popular e os movimentos é uma possível referência.”

“Realmente o debate segue bastante interessante, sobretudo pelos argumentos de defesa da candidatura LULA. Queria fazer algumas considerações sobre este debate”, conforme segue a mensagem de Antônio Brito (ajrbt@uol.com.br)

a) pena que ele só está acontecendo agora, quando se confirmou o 2º turno, pois até então, com a vitória certa de LULA no 1º turno, prós e contras ou antes muito pelo contrário não se manifestavam tão abertamente, sobretudo fazendo as corretas considerações sobre o que foi o conjunto da “obra” do Governo Lula, e não apenas do Presidente Lula. Por que pena? Porque não se confirmou a expectativa de vitória mas, sobretudo, porque agora no tudo ou nada contra a direita local e internacional, negociar condições ao apoio fica mais difícil. Todos temos nossas avaliações políticas sobre o Governo Lula, mas parece haver um consenso de que ele podia ter feito e ousado mais, mas não o fez. Novamente falo do Governo como um todo. Talvez se este debate tivesse surgido com mais vigor no 1 º turno teríamos melhor explicitadas posições e críticas ao Governo, apontando para uma negociação de Programa e Políticas Públicas de ES para o próximo mandato.

b) Concordo em parte com o documento de Marcos Arruda. Porém queria fazer uma observação de quem é militante desde 1984: alguma surpresa com relação a posturas éticas de alguns dos dirigentes, assessores, e etcs.? Quantas e quantas vezes muit@s de nós chegamos a ficar “doentes” com relação ás injustiças que marcaram os processos nem tão pouco democráticos de construção de hegemonia (ou poder, mesmo?) da tendência majoritária? Portanto, Marcos, eu não me sinto enganado neste sentido. Pois sabíamos e sabemos da diferença e da diversidade que compõem o PT, a CUT e os movimentos sociais ligados a um destes. A minha ALEGRIA é que el@s são apenas uma parte. Não conseguem destruir a história de luta e combate de muit@s que perderam suas vidas. Por isso, todo apoio a LULA agora, mas em que condições? Devemos tomar cuidado com o argumento do menos pior.

c) Creio que o Governo LULA e o PT ainda são as opções para continuarmos a avançar na democracia, não só a política, mas a econômica, sobretudo. O PSOL e o PSTU, assim como o PCdo B e o PSB no meu entender, são companheiros importantes. Por isso, defendo, novamente a necessidade de uma aliança das ESQUERDAS, para um projeto democrático e popular. De fato, resta saber se o GOVERNO LULA concordará em aprofundar a parte mais progressista do seu programa, e ir abandonando a política de “tranqüilidade” dos mercados;

d) Creio que estamos chegando num momento de revermos, todos nós, nossas práticas, nossos objetivos e posicionamentos políticos em nome de um país, justo, independente política e economicamente no cenário mundial e com um povo, de fato, FELIZ. Creio que o apoio CRÍTICO ainda é o melhor caminho.”