Fonte: http://www.adital.com.br/

Em setembro de 2006, o movimento camponês internacional celebra o terceiro aniversário da imolação de Lee Kyung Hae, camponês coreano, durante um protesto contra a Organização Mundial do Comércio (OMC) em Cancún, México. Nesta data, a Via Campesina chama os movimentos sociais de todo o mundo para organizar protestos e mobilizações contra as reuniões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Cingapura (de 11 a 20 de setembro). Para a entidade, o Banco Mundial e o FMI também impõem políticas neoliberais, tais como as privatizações e a liberalização do comércio.

No dia 10 de setembro de 2003, o líder camponês coreano Lee Kyung se imolou durante um protesto massivo contra a OMC em Cancún, México, rodeado por milhares de manifestantes. Enquanto morria, levantava uma bandeira que dizia: “A OMC mata os camponeses!”. Este ano, as negociações da OMC fracassaram. Deste então, a cada ano, a Via Campesina comemora este dia como o Dia Internacional da Luta contra a OMC e o Neoliberalismo.

Este ano, no final de julho, sob forte pressão dos movimentos sociais e devido à resistência de uma grande quantidade de governos contra as demandas excessivas pela União Européia e Estados Unidos, as negociações da OMC fracassaram de novo. Esta instituição entrou num período de hibernação indeterminado. Membros da Via Campesina, camponeses e camponesas de todo o mundo celebraram o fato, em Genebra, com pescadores e outros movimentos sociais, em julho de 2006.

O fracasso das negociações da OMC é uma boa notícia para os povos e os movimentos que estão tentando impor suas políticas há anos. Também é uma oportunidade de propor uma agenda alternativa. Ao mesmo tempo, é necessário dar mais atenção aos acordos de livre comércio negociados entre os países ou regiões. Eles impõem as mesmas políticas da OMC. Por isso, os membros da Via Campesina estão, agora, intensificando a luta contra os acordos de livre comércio na Coréia, assim como em outras regiões.

A Via Campesina declara que as políticas promovidas pelo Banco Mundial e o FMI forçam os camponeses a resistir, se desejam sobreviver e produzir alimentos em sua terra. Este processo gera conflitos fortes entre os camponeses, os governos e latifundiários. Os camponeses e camponesas estão enfrentando uma repressão e criminalização fortes, ligadas às políticas promovidas por essas instituições. As reuniões do Banco Mundial e do FMI serão usadas, em Cingapura, para denunciar esta injustiça.

Todos os membros da Via Campesina e seus aliados devem organizar reuniões, protestos, mobilizações, discussões públicas e atividades culturais, expressando a oposição às políticas neoliberais, em suas comunidades e em seus países. Cada comuniadade/organização deve escolher uma data entre os dias 10 e 19 de setembro. Haverá uma delegação internacional da Via Campesina em Batam/Jakarta, que participará das mobilizações contra as reuniões em Cingapura.