Fonte: Texto “Conversión a la agricultura orgánica: el enfoque de um Proyecto de China”, Johanna Pennarz, Boletín de ILEIA, v.16, n.04, abril 2001. http://www.fmprc.gov.cn/ce/cgrj/pot/zgabc/jj/t135314.htm

Situação inicial

Devido à demanda por produtos orgânicos no mercado internacional, na China, os principais atores do movimento de agricultura orgânica são os comerciantes. Eles se encarregam de identificar produtos nas propriedades que utilizam poucos insumos externos e que, desta maneira, exigirão poucas mudanças no processo de certificação internacional de produtos orgânicos.Em outras palavras, esses comerciantes não estão interessados em processos de conversão demorados e desejam que os agricultores resolvam o mais rápido possível seus problemas técnicos. Contudo, ainda não há especialistas nem técnicos especializados em agricultura orgânica. Os técnicos, que não têm experiência na grande diversidade de problemas dos sistemas agroecológicos de produção, simplesmente aconselham a substituição de insumos convencionais pelos aceitos na agricultura orgânica.Os agricultores pedem aos especialistas soluções padronizadas em etapas e bem definidas, pois não estão bem preparados para começar processos de inovação por si mesmos.

O Projeto: a conversão como um processo

Em Yuexi, Província de Anhui, o Projeto iniciou a conversão considerando a agricultura orgânica como um processo, com os seguintes objetivos:

– Desenvolvimento de uma metodologia de extensão sobre a conversão baseada num enfoque participativo.

– Estímulo à inovação técnica dos sistemas agrícolas locais.

– Organização dos agricultores familiares para que exerçam um controle de qualidade interno e para que obtenham apoio técnico e de comercialização.

– Obtenção de apoio político para impulsionar a agricultura orgânica.

A metodologia de extensão para a conversão

Em 1998, depois de selecionar aldeias-piloto do condado de Yuexi, conduziu-se uma primeira avaliação das potencialidades e problemas para o desenvolvimento da agricultura orgânica. Este exercício não proporcionou soluções padronizadas para os agricultores, mas ofereceu várias opções para a conversão. O marco referencial, elaborado pelos consultores, indicou com toda claridade que a conversão seria um processo conduzido pelos agricultores e que modelaria gradualmente o sistema de agricultura orgânica experimentando várias opções e possiblidades. Naquele momento os consultores tinham como referência apenas umas poucas experiências de agricultura orgânica que existiam na China. O primeiro trabalho cumprido en Yuexi em 1998 deu aos agricultores uma base para compreenderem o conceito de agricultura orgânica e os incentivou a trabalhar com temas técnicos específicos tais como consórcio de culturas, controle biológico de pragas e adubos verdes. Em 1999 foi realizado um segundo trabalho de capacitação. Através dele os agricultores compreenderam os princípios da agroecologia e realizaram as práticas, selecionando as inovações técnicas que deviam ser experimentadas na safra agrícola seguinte. No terceiro ano, em 2000, as experiências evoluíram a ponto de permitirem a conversão dos sistemas de convencionais para orgânicos. Os trabalhos serviram como pontos centralizadores para resumir e trocar experiênias e para documentar as decisões coletivas feitas nas comunidades. Além desses trabalhos formais de capacitação, os consultores vistaram regularmente as áreas-piloto para discutir os experimentos que estavam sendo realizados e propor opções adicionais. Através do processo foram desenvolvidos métodos para sistematizar as informações sobre os sistemas agrícolas locais e as opções factíveis de conversão.

Estimulando inovações técnicas

Durante o processo de conversão, os agricultores obtiveram experiência em várias técnicas agrícolas agroecológicas, sendo que atualmente sentem mais confiança e querem resolver seus problemas localmente. Seus sistemas de produção melhoraram significativamente e algumas inovações foram difundidas para os vizinhos que ainda continuam com práticas convencionais de produção. Para atender a maior demanda por adubos orgânicos, os agricultores aumentaram sua produção pecuária e integraram a adubação verde dentro do ciclo anual de cultivos. No passado o uso de adubos verdes era comum, mas durante o processo da chamada “Revolução Verde”, esta prática foi substituída por fertilizantes sintéticos altamente solúveis. Como resultado as técnicas tradicionais foram abandonadas e caíram no esquecimento as sementes de leguminosas que serviam como adubos verdes. No início do Projeto, os agricultores puderam contar com as sementes de algumas variedades, mas logo começaram a buscar as sementes entre as variedades nativas da região. Os experimentos com adubos verdes tiveram muito sucesso e outras pessoas que atualmente querem comprar sementes dessas espécies, recorrem a estes novos agricultores orgânicos.Embora o processo de conversão tenha apenas três anos de existência, os agricultores já estão experimentando uma melhora ambiental visível no entorno das plantações. Comentam que a biodiversidade local foi enriquecida com organismos benéficos que retornaram para as plantações auxiliando no controle biológico de pragas. Outra vantagem comprovada foi a volta das abelhas que agora fazem naturalmente a polinização da flor do kiwi, que antes demandava tempo e mão-de-obra dos agricultores. Agora os agricultores estão mais atentos à fertilidade do solo. O Projeto introduziu o método da escavação de trincheiras que permite de modo simples a avaliação da textura, porosidade e teor de matéria orgânica do solo; o que possibilitou aos agricultores constatarem na prática os benefícios da adubação verde.

Organizando os agricultores familiares

No início do processo a conversão ficou restrita a uma área delimitada, na qual um único cultivo foi convertido para orgânico. Mas o Projeto foi promovido através de um enfoque voluntário, somente com os agricultores interessados em experimentar os sistemas agroecológicos de produção. Por isso, alguns agricultores na região continuaram a praticar a agricultura convencional ( com fertilizantes altamente solúveis e agrotóxicos), ao mesmo tempo em que agricultores de outras localidade passaram a praticar a agricultura orgânica.No total, foi obtido um número maior de propriedades e de área em hectares em conversão do que se havia planejado inicialmente. O enfoque voluntário com parcelas de terra dispersas demandou mais trabalho de organização do controle interno e dos sistema de certificação. Os agricultores da aldeia de Yufam estabeleceram a primeira associação de produtores orgânicos de kiwi na China, com o objetivo de proporcionar apoio técnico e informações, assim como para organizar a comercialização de produtos orgânicos. Agora os agricultores que produzem kiwi querem estabelecer um posto de vendas diretas na capital da província. A associação de kiwi orgânico fez muitos esforços para o desenvolvimento de suas próprias demandas e para organizar um sistema interno de documentação. Cada membro leva seus registro próprios de uso de insumos e do desenvolvimento da produção. Recentemente, os agricultores que participaram de todo o processo, desde o início, receberam uma certificação que lhes permite vender as frutas como orgânicas.

Atraindo apoio político

Os objetivos e o marco referencial do programa de conversão foi cuidadosamente comunicado à Administração Estatal de Proteção do Meio Ambiente em Beijing, a qual apoiou muito do desenvolvimento da agricultura orgânica. O plano de conversão foi resultado de um processo de comunicação que durou muitos meses, entre os profissionais do projeto e os agricultores.Por fim, o plano de conversão foi integrado a um plano-mestre para a reconstrução ecológica de Yuexi. O apoio político ressaltou a importância desta conversão para a formulação de políticas ambientais e motivou o corpo técnico administrativo a se comprometer com o êxito do processo como um todo. Ao mesmo tempo, Yuexi adquiriu importância com uma área nacional de experiências pioneiras em agricultura orgânica.