Fonte: www.mte.gov.br

Dos doces em calda a vagões de trem e navios, os empreendimentos se agrupam em redes de produção e ganham mercado também no exterior.

O que se produz hoje no segmento econômico solidário derruba o conceito difundido ao longo do tempo de que a Economia Solidária não passa de produto artesanal, pequeno, feito para poucos, por poucos e para subsistência familiar. Na economia solidária se fabrica, hoje, de base de vagão de trem e navios a doces em calda e paninhos de prato.

Com a modalidade econômica se tornando cada vez mais uma alternativa atraente de geração de renda, a produção artesanal de doces, por exemplo, responde apenas por 5% do mercado econômico solidário. Atualmente, são mais de 1,25 milhão de pessoas que vivem da produção solidária, entre cooperativas, associações e iniciativas autogestionárias.

O que antes era pequeno, vem se juntando e ganhando força, como demonstram os dados do Sistema de Informações em Economia Solidária (SIES). Boa parte dos produtos de origem solidária já tem seu espaço no mercado – inclusive, internacional – e muitos se estruturam em cadeias produtivas, o que facilita sua visibilidade e comércio.

Para classificar bem essa mudança, dos cerca de 15 mil empreendimentos catalogados no Mapa da Economia Solidária, produzido pela Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apenas 825 produzem exclusivamente para consumo próprio dos associados, ou seja, 5% do total.

Algodão – Uma iniciativa de trabalhadores do setor têxtil exemplifica bem o funcionamento dessas cadeias produtivas. Conhecida como cadeia do algodão agroecológico, ela reúne os produtores da Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec), do Ceará, que organiza a produção do algodão orgânico, e os trabalhadores da Cooperativa Nova Esperança – Cones, no município de Nova Odessa e da TêxtilCooper, de Santo André, em São Paulo, que produzem o fio de algodão e o transformam em tecido.

O ciclo é completado pelos cooperados do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa Catarina, organizados na Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens), que produzem as roupas, e a Cooperativa Assai, da Região Amazônica, que faz o tingimento e o adorno das peças da grife Justa Trama.

Vinhos – Outro setor que tem rendido bons frutos é o das cooperativas vinícolas. São produtores solidários do Sul do país, que produzem vinho da uva, e do Norte, que fabricam o vinho de açaí. No Piauí, produz-se o vinho de caju e a cajuína. No Rio de Janeiro, o vinho de jabuticaba.

Essas cooperativas têm faturamento mensal de mais de R$ 828 mil. Os destaques são a Cooperativa Vinícola Linha Jacinto, de Farroupilhas (RS), com 480 mil litros/mês, a Cooperativa Agropecuária Santa Ana Ltda, de Antônio Prado (RS), com 75 mil litros/mês, a Associação de Produtores de Vinho da Terra da Longevidade, de Veranópolis (RS), com 29 mil litros/mês, e a Cooperativa Familiar Agroindustrial Sul-Catarinense, de Uruçanga (SC), com 30 mil litros/mês.

O setor de mineração também surpreende pelos números. São 39 cooperativas solidárias, que comercializam areia, argila, brita, calcário, pedras preciosas, ouro e carvão mineral, com faturamento mensal de R$ 1,9 milhão.

Empresas recuperadas – É na autogestão de empresas recuperadas por trabalhadores, porém, que a economia solidária mostra que é bem mais poderosa do que muitos supõem. Em Santa Catarina, a cooperativa de carvão mineral Cooperminas, de Criciúma, produz há 18 anos pelo sistema de autogestão.

A Cooperminas surgiu após a crise que culminou no fechamento da Companhia Brasileira Carbonífera de Araranguá (CBCA). Hoje, após várias dificuldades para funcionamento, ela ajuda a outras iniciativas autogestionárias e dá prioridade a outras empresas de economia solidária quando necessita comprar insumos.

A Uniforja, em Diadema (SP), que atua no setor de metalurgia, engloba quatro cooperativas remanescentes da Conforja, que, em 1970, era a maior forjaria da América Latina. A Uniforja integra a Rede Nacional de Cooperação Industrial (Consórcio Renaci), que ocupa 1.350 trabalhores e é composta ainda pela Cooperativa Mineira de Equipamentos Ferroviários (Coomefer), Cooperativa dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas (CTMC), Cooperativa dos Trabalhadores em Metalurgia de Guaíba (Geralcoop), Cooperativa dos Metalúrgicos de Criciúma (Coopermetal) e o Consórcio Ecomineral, de soluções ecológicas para o setor.

Com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), os empregados adquiriram a massa falida da Uniforja, que hoje conta com mais de 500 trabalhadores, dos quais 273 sócios e 233 assalariados. A Uniforja agrega outras quatro cooperativas que funcionam no mesmo espaço: a Coopertratt (tratamento térmico), Cooperlafe (laminados), Cooperfor (forjados) e Coopercon (conexões e tubos).

No Brasil, a Uniforja detém 60% do mercado no seu segmento de produção e exporta para os Estados Unidos, Venezuela, Uruguai, Argentina e Chile.

As empresas da Renaci fabricam vagões e truques ferroviários, equipamentos industriais, navios, torres eólicas, fornos, fogões, aquecedores e peças em ferro, aço e ligas especiais.

Açúcar – Em Pernambuco, o açúcar Harmonia, fabricado pela Usina Catende, é outro exemplo da economia solidária fortalecida como alternativa econômica no Brasil. O Harmonia é distribuído para todo o país pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que adquire cerca de 90% da sua produção mensal.

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