Fonte: http://www.senado.gov.br/

O secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, Paul Singer, defendeu na quinta-feira (17/8), durante o seminário Os Novos Indicadores da Riqueza, a utilização de indicadores que levem em conta os chamados “efeitos externos”. O seminário, realizado no auditório do Programa Interlegis, foi promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e transmitido por videoconferência às assembléias legislativas do país.

Para o secretário, indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB) e a contabilidade nacional são instrumentos importantes para a tomada de decisões, mas são baseados no individualismo.

Singer explicou que as decisões de consumidores de mercados livres geram os valores utilizados para determinar o PIB, que pressupõe a idéia de bem-estar individual dos integrantes da sociedade. No entanto, disse ele, ignora-se que as decisões tanto de produção como de consumo, entre outras, têm efeito sobre terceiros, o que os economistas denominam “efeitos externos”. Para ele, é importante vontade política para realizar as mudanças necessárias em benefício da sociedade humana, o que, na sua opinião, pressupõe conscientização sobre os esses efeitos externos.

– O país está doente socialmente, mas está mais próspero. A proposta de produzir indicadores de riqueza, ou de bem-estar, ou de felicidade humana, que tomem em consideração os efeitos externos é a grande novidade – disse ele.

Singer disse, por exemplo, que a escolha mundial de utilizar combustíveis fósseis criou efeitos externos que colocaram em risco inclusive a espécie humana. Pelo uso de tais combustíveis, explicou ele, ocorreu aquecimento global, que está provocando derretimento das calotas polares e extinção de animais. A necessidade de mudar com urgência a matriz energética do mundo é consenso no meio científico, disse ele. No entanto, salientou, é preciso viabilizar e colocar em prática tal decisão.

Eqüidade x desigualdade

A sub-chefe executiva da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Eva Maria Cella Dalchiavon, ressaltou a necessidade de adoção da eqüidade como critério de decisão em relação ao desenvolvimento do país e à formação de uma sociedade mais justa. Para ela, a desigualdade entre as regiões brasileiras configura um dos principais obstáculos ao crescimento nacional e deve ser tratada por todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal – com a colaboração da sociedade civil organizada.

No Brasil, a pobreza está vinculada à concentração de renda e de riqueza, segundo o conselheiro do CDES, Sérgio Haddad. Neste sentido, informou, o CDES – órgão consultivo da Presidência da República – estabeleceu o Observatório da Eqüidade com a finalidade de orientar e estabelecer critérios fundamentais para diminuir das desigualdades no país, além de levar ao conhecimento da sociedade sobre situações desiguais. Integram o Observatório, além de conselheiros do CDES, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (Ipea), e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Para o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, o problema da desigualdade no Brasil deve ser enfrentado de forma apropriada ao momento atual. Ele afirmou que UnB quer colaborar por meio de seus técnicos e pesquisadores para que haja avanço em relação às propostas de diminuição das desigualdades brasileiras.

-Temos um país rico e um povo pobre – disse ele.

Participaram ainda do evento o coordenador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Francisco Gaetani; o representante da Fundação France Libertes; o secretário Nacional de Educação Continuada, alfabetização e Diversidade, Ricardo Rodrigues; e o conselheiro do CDES e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), José Carlos Braga, entre outros.