Fonte: Agência Notícias do Planalto, por Marina Mendes

O chamado “Muro da Vergonha”, localizado na fronteira dos Estados Unidos e México, acumula mortes e cenas de violência e humilhação, segundo o jornalista e escritor Altamiro Borges. Aprovado pelo Senado estadunidense em maio deste ano, a construção do muro-triplo com aproximadamente 600 quilômetros faz parte do pacote de medidas contra a imigração ilegal, assinado pelos presidentes George W. Bush e o mexicano Vicent Fox.

Desde janeiro de 2001, quando assinado um acordo migratório entre os dois países, mais de duas mil pessoas foram mortas. Somente no ano passado, foram mais de 440 mortes. Segundo estudos da Secretaria Continental do Grito dos Excluídos, são mais de 87 milhões de pessoas que saem de seus países nas Américas e Caribe. Destes, 57 milhões vivem nos Estados Unidos, sendo a maioria significativa ilegal. Para Altamiro Borges, o muro representa a separação entre um norte rico e um sul pobre que não pode ter acesso ao Primeiro Mundo.

“Para os EUA interessa explorar uma parte dos imigrantes, mas sem registrá-los, sempre na condição de clandestinos ou semiclandestinos, porque isso facilita a exploração e a humilhação. Interessa explorar a mão-de obra barata no norte do México com as maquinadoras. Para evitar um grande deslocamento de imigrantes, eles constroem muros. Então o chamado mundo sem fronteiras, livre mercado, livre comércio, isso se mostra totalmente falacioso”.

A fronteira tem cinco mil quilômetros de extensão controlados por aparelhos eletrônicos, por mais de 11 mil policiais e um contingente de seis mil militares estadunidenses. Altamiro denuncia ainda a existência de empresas paramilitares, como a mais conhecida GateKeeper – que significa guardião do portão – que presta serviços a fazendeiros “de fiscalização e matança”. Infelizmente a mídia segue sem falar do muro, afirma ele.