Fonte: http://www.manejoflorestal.org/noticia.cfm?id=212058

Ao abrir a primeira mesa redonda da 1ª Conferência Nacional de Economia Solidária, o secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Paul Singer, ressaltou que o modelo de desenvolvimento gera desigualdades. “Somos um país desigual na distribuição de renda, com crescimento excludente, onde mais de 60 milhões de brasileiros não têm acesso ao desenvolvimento”, diz ele.

Participaram da mesa a “Economia Solidária como Estratégia e Política de Desenvolvimento”, além de Singer, Márcio Pochmann, professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp), e Tânia Bacelar de Araújo, economista e professora do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Singer lembrou que a economia solidária ressurgiu no Brasil como uma alternativa à exclusão social aguda, tendo seu auge no final dos anos 80. O movimento, disse ele, despertou no trabalhador a consciência de que o sistema capitalista jamais incluiria a todos, sem discriminação. Era preciso buscar um novo modelo de desenvolvimento, afirmou.

Segundo ele, ao surgir como um enfrentamento ao capitalismo moderno, a economia solidária fez do trabalhador o capitalista. “O movimento não nasceu como uma modalidade de desenvolvimento criado pelo governo e sim de um pelos que buscaram fugir da exclusão social, baseando sua atuação no desenvolvimento solidário e na inclusão, a partir dos bolsões de pobreza, daqueles que não têm acesso ao capital”.

Para Tânia Bacelar, o capitalismo sofreu uma retração e vive em um momento de crise, afetando principalmente o setor da produção. “Quando a produção não gera riqueza, o capitalista parte para o patamar financeiro, o que gera desemprego e exclusão. Hoje, é mais fácil aumentar o lucro com transação financeira do que produzindo bens”, explica.

“A economia solidária veio para rediscutir o modelo de desenvolvimento vigente”, revelou ela, citando como fatores dessa crise capitalista os altos juros impostos pelo mercado internacional, os 30 anos de baixo crescimento, o endividamento interno e externo do estado e a alta carga tributária.

Já Pochmann vê a economia solidária não somente como uma alternativa, mas sim como um questionamento ao “status quo”. “O estado privilegia os que têm mais renda, seja por meio das políticas de crédito, compras do governo ou difusão da tecnologia, que são voltados para os grandes financistas. O Estado precisa também estar a serviço da economia solidária”, ressalta.

Pochmann defende um sistema bancário que favoreça a economia solidária. “O lucro dos bancos públicos deve ser revertido para o povo”, diz ele.

A conferência termina nesta quinta-feira (29), na Academia de Tênis de Brasília.

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