Fonte:Paraná-online Ligia Martoni [14/05/2006]

Trabalhadores revoltados ao saberem do ofício de imissão. Muita confusão marcou a manhã de ontem numa fábrica de botões na Cidade Industrial de Curitiba.

O local, que passou de uma indústria falida a cooperativa tocada por funcionários, foi retomado pelo proprietário do imóvel, que alega não receber aluguel há quatro anos. O medo dos trabalhadores é que a produção pare, o que gerou conflitos e muitos palavrões na entrada da fábrica, ontem, depois que o ofício de imissão de posse – que se refere à colocação do dono novamente no imóvel – foi entregue e os cooperados, impedidos de entrar no local. A Cooperbotões, como passou a se chamar a fábrica em 2004, foi resultado da vontade dos 78 trabalhadores em manter seus empregos depois da falência da empresa, que levava o nome de Diamantina. Todos os documentos foram mantidos, bem como o maquinário, que continuou sendo usado pelos cooperados. “Fizemos a ocupação com base em autorização judicial”, diz o presidente da Cooperbotões, Carlos Alberto Fontana. Ele afirma que já tinha conhecimento da aprovação da imissão de posse pelo Tribunal de Justiça, mas protesta que, além de terem sido pegos de surpresa por ser fim de semana, móveis foram retirados e salas que abrigam documentos importantes violadas. “Desmontaram a administração”, reclama. O documento garante a retomada do imóvel, mas não permite que seja mexido no mobiliário ou qualquer objeto do local. O contrato de aluguel, no entanto, é de responsabilidade da massa falida da Diamantina. Mesmo sabendo dos trâmites do processo, os trabalhadores se revoltaram pelo conteúdo do mesmo. “A ‘reintegração’ foi dada tendo como base que a fábrica estava desocupada e abandonada, o que é mentira”, declarou o presidente da cooperativa. A oficial de Justiça que entregou a liminar, Glacir Mello, permaneceu no local durante toda a confusão, justificando que possuía um mandado e teria de cumpri-lo. Mesmo assim, a força da PM não foi solicitada para isso. Já em relação à retirada dos móveis, ela justificou que estava autorizada por meio de um acordo entre as partes, mas que tudo foi reposto depois que os protestos começaram. Revoltados, os próprios trabalhadores tomaram a iniciativa e chamaram a polícia – que permaneceu pouco tempo e saiu apenas com um boletim de ocorrência. A chegada do dono do imóvel e responsável pela ação, o empresário João Casillo, foi recebida a vaias e palavrões. O clima esquentou. Houve tentativa de invadir o portão, mas sem sucesso. Depois, com uma reunião a portas fechadas entre o presidente da cooperativa, o dono do imóvel e advogados, chegou-se à conciliação. Uma reunião será feita amanhã à tarde para decidir qual será o futuro da fábrica.