Fonte: Shirlei da Silva (shirlei@thegrail.org)
Estamos estarrecidos e indignados com o comportamento autoritário e antidemocrático com que o governo estadual e municipal vem tratando os movimentos sociais. Exatamente os governos que tem a responsabilidade de garantir o direito constitucional da livre manifestação e organização, têm cerceado este direito.
A articulação de entidades da sociedade civil e movimentos sociais brasileiros, desde janeiro vem se organizando para fazer o Encontro por um Projeto Popular para o Brasil e contra o Caráter Nefasto do Banco Interamericano de Desenvolvimento e das Instituições Financeiras Multilaterais. Procuramos organizar um evento que pudesse, de um lado fazer a formação através de debates, painéis, mesas redondas, com temas como: As Instituições Financeiras Multilaterais, a Transposição do Rio São Francisco, O Modelo Energético que pudessem contribuir para a elaboração de Um Projeto Popular para o Brasil. De outro lado, fazer manifestações que pudessem dar visibilidade aos temas em debate. Teremos assim, a Marcha de Abertura, Atos Públicos durante todo o dia 3 e para encerrar, no dia 4, o Tribunal Mineiro dos Crimes do Latifúndio.
Desde o início, contatamos a PBH, o Governo do Estado e a UFMG para a liberação de espaços. Solicitamos da PBH Escolas Municipais, Espaço Miguilim, Praça da Estação. E da UFMG o Centro Cultural e a Escola de Engenharia todos estes, espaços historicamente usados pelo movimento. Após a primeira negativa da PBH, não liberando nenhum dos espaços, adequamos nossa atividade e solicitamos o quarteirão fechado da Guaicurus e, ao Governo do Estado, as Escolas. E, para nosso espanto, nos últimos dias, todos os pedidos foram negados. O mais chocante é o contraste. De um lado, tudo para o BID mesmo afetando toda a vida da população, maquiando a cidade, alardeando gastos de 60 milhões pela PBH e 150 milhões pelo Estado. Isto, sem computar os milhões gastos com publicidade para convencer o povo de que o BID é uma dádiva para os mineiros. Uma propaganda que induz a subserviência ao grande capital internacional, sugerindo que o povo chegue ao cumulo de carregar um tapete vermelho para que os representantes do BID possam pisar, buscando reproduzir a subserviência dos governos. De outro lado, a negativa total para o movimento impedidos de usar até o quarteirão fechado, buscando inviabilizar a divulgação de um pensamento diferente, consolidando assim o pensamento único.
Esta é uma situação absurda em que o Estado ao invés de defender os interesses da sociedade, coloca todas as suas instituições, a serviço dos interesses do grande capital. O evento organizado pelos Movimentos Sociais de Minas Gerais tem como objetivo denunciar aos mineiros e ao mundo, os crimes cometidos contra os paises subdesenvolvidos e em desenvolvimento provocada pelo modelo imposto através das instituições financeiras multilaterais, desenvolvido nos anos 80 quando condicionam os investimentos do BIRD e BID à realização de ajustes estruturais, tais como a abertura comercial e as privatizações como agora se busca fazer com as águas.
Além disto, os governos dos paises pobres, pressionados pelo prazo dos contratos, optam por celebrar acordos com o FMI, o BM e o BID, muitas vezes apenas para saldar dívidas antigas, ampliando o endividamento e perdendo a soberania. A política econômica tem provocado cortes inadmissíveis nas despesas públicas essenciais para a sobrevivência da maioria da população, ao mesmo tempo em que tem elevado os recursos destinados ao pagamento das dívidas – interna e externa – beneficiando diretamente banqueiros e rentistas.
A reunião do BID no Brasil com os chefes de Estado deveria respeitar um princípio democrático construído a duras penas neste país: o da organização social. No Brasil existem inúmeras organizações no meio estudantil, nos movimentos sociais de luta pela terra, no meio sindical, ambientalista e nas igrejas que se constituem no bem maior da democracia. Qualquer projeto para o desenvolvimento econômico ou social deve respeitar o protagonismo destas organizações.
FORA BID
POR UM PROJETO POPULAR PARA O BRASIL
Programação do encontro das articulações e movimentos sociais da MG
Local: Belo Horizonte; MG
Período: 01 a 04 de Abril
Dia 01/04
09h Recepção da Marcha do MAB.
10h30 Hs Abertura oficial do encontro
14h Desafios da construção de um Projeto Popular para o Brasil
Noite: Atividade Cultural
Dia 02/04
08h Painéis dos diferentes fóruns e articulações
14h As políticas neoliberais para o Brasil e América Latina. FMI, BIRD e BID e suas políticas destrutivas + Documento em conjunto
Noite: Atividade Cultural
Dia 03/04
Manhã: Lutas
Tarde: Lutas
Noite: Atividade Cultural
Dia: 04/04
08h Painéis dos diferentes fóruns e articulações
16h Tribunal dos crimes do latifúndio em MG;
A- Milícias armadas
B- Impunidade
C- Agronegócio; eucalipto, mercado de terras, águas,….