Por: Idalina Maria Boni (fionobre@terra.com.br)
Chegamos nesta terra dia 23/01/2006 e lá permanecemos até dia 29/01/2006, foram dias de aventura, trabalho, vendas, articulações, visitas, participação política, presença nas mesas de debate, diversão e muita conversa. Éramos pelo Fórum Brasileiro de Economia Solidária, 35 delegados entre representantes dos estados, empreendimentos, entidades. Como também os companheiros do governo, das redes e das cadeias.
Relembrando a avaliação atropelada, mas realizada com empenho pelos sobreviventes no aeroporto até as 5:30h da madrugada, fechemos este FSM com chave de ouro. Entre nossas conversas e avaliações naquele confortável lugar, avaliamos entre muitos que a participação de maneira geral foi boa e marcou nossa ida a esta terra, que muito nos ensina e anima. Salientamos que, os empreendimentos foram e são os protagonistas de sua história.
Gerenciamos nossa estada, com a excelente ajuda de Miguel, realizamos nossas articulações com a dedicação de Ary, organizamos e assumimos uma feira, onde todos venderam, mas principalmente aprendemos com nossos limites temos muito que caminhar. Assumimos mesas, organizamos oficinas, chamamos pessoas para participar, panfletiamos os materiais levados, marcamos presença em mesas e seminários do governo brasileiro e entidades, visitamos grupos, realizamos contatos, articulações, contato com governo venezuelano e tínhamos energia para as nossas reuniões quase todas as noites no quarto do Miguel, ou no café da manhã na padaria.
Diga-se de passagem, foram frutíferas as nossas reuniões, onde nos fortalecia, nivelavam o grupo, juntava pessoas, distribuía tarefas e organizava o grupo que dentro do possível a intervenção era coletiva. Não estou afirmando que as entidades e o governo presente não tiveram sua marca e é claro que os empreendimentos eram a maioria, mas fomos espetaculares meninos e meninas e crescemos muito.
Quanto a nossa participação política no Fórum, destaco as mesas de políticas públicas que foram boas e a organização da equipe que garimparam as mesas do FBES e organizaram nossa participação. Para as cadeias produtivas nossa mesa sobre o tema, foi espetacular. Estavam na mesa Rede Abelha, organização da Cadeia das Frutas, Movimento de Reciclagem (Vira Lata), Cadeia do Algodão e um representante do movimento de economia popular da Argentina. Foi bem organizada, tivemos boa participação do público em número e principalmente em interesse no debate. Tivemos uma boa fala do companheiro Valdener referente à cadeia do extrativismo do Babaçu e as mulheres quebradeiras de coco. Para o FBES, a oficina nos ajudou a visualizar os potenciais das nossas cadeias e visualizar a continuidade das discussões no Brasil, que servirá de material para o GT de comercialização, produção e consumo. Destaque para a fala da Dalvani, que emocionou a todos e mostrou o quanto se pode crescer trabalhando coletivamente. Ela expressou o que pensa e o que construiu neste curto caminho da Justa Trama, mostrou sua paixão por esta história e o quanto acredita neste caminho, foi muito bonito. Uma outra mesa importante para nosso fórum e cadeia foi a de Comércio Justo, onde depois de uma reunião com as Redes Internacionais fechamos à presença da Justa Trama na mesa. Foi um debate que marcou nosso processo, reflete um caminho concreto dentro da construção do Comércio Justo voltado para uma realidade vivida por nós empreendimentos organizados em cadeia.
A Justa Trama teve um grande crescimento dentro da organização da ES. Na feira vendemos bem e uma prova e marca de nossa coletividade, foram os participantes da feira, cidadãos Venezuelanos, adquirindo nossas peças e usando com o orgulho de serem peças coletivas, pois liam nossa história para trocar idéias conosco. Um fato que me chamou a atenção é o quanto nosso povo do FBES que estiveram juntos o tempo todo, se orgulhavam de estar na feira e venderem a Justa Trama. Temos muito que caminhar, crescer, mas chegamos para ficar e ser uma parte de concretização dos ideais da ES do Brasil.
A Justa Trama realizou duas reuniões com o MINEP – Ministério da Economia Popular da Venezuela. Estava eu e Dalvani com o apoio do Haroldo e foi fechado negociação de trabalho com as cooperativas da Venezuela, visando implantar uma cadeia produtiva no País. Avançamos muito e em março iniciaremos este processo fechando os grupos que farão parte do projeto desde o plantio até a costura, e o cronograma de trabalho do ano, além das negociações com nossos empreendimentos.
Realizamos visita a três cooperativas, uma de confecção com 167 cooperados, outra de calçado com 139 cooperados e mais 16 cooperados que administram um supermercado popular. Foi uma experiência muito interessante onde pudemos perceber que o Governo venezuelano está investindo muito na economia solidária. As cooperativas têm um espaço espetacular para o trabalho: instalações apropriadas, maquinário doado, compram produtos das cooperativas pelo governo e financiamento a juros zero, com prazo para devolução. Todos iniciam com curso e tem acompanhamento durante o caminho e oficinas permanentes de formação, inclusive numa das cooperativas tinha um grupo da cooperativa estudando no seu horário de trabalho.
Foi um processo de muito crescimento para todos e mostra que os empreendimentos caminham a passos largos para sempre serem os protagonistas desta história. Sentimos também que a ES do Brasil tem raiz, força e nasce da organização dos trabalhadores/as do movimento o que nos reforça e valoriza, apesar de todas as dificuldades e outros percalços.
Penso que temos enquanto empreendimentos no FBES que conhecer melhor este processo de organização dos Fóruns Mundiais e ocupar um espaço maior e mais privilegiado, mas com certeza temos crescido a cada Fórum Social.
Esta é a minha contribuição para construção da avaliação e conhecimento deste momento de participação de todos nós.