Fonte: Daniel Tygel (dtygel@fbes.org.br)

Oswaldo Scaliotti – Jornal O Povo

O Ceará está na mira, entre os estados brasileiros, da integração comercial, social e política que o governo Hugo Chávez quer ter com o País e a América do Sul. Ontem, autoridades venezuelanas e a Prefeitura de Fortaleza assinaram uma carta de cooperação na área da economia popular e solidária

O Ceará é um dos alvos, entre os estados brasileiros, do projeto de integração política, econômica e social que a Venezuela está desenvolvendo junto aos países da América do Sul, em especial, o Brasil. Ontem pela manhã foi assinada uma carta de intenções entre o governo venezuelano, representado pelos ministros Gustavo Márquez Marín, da Integração e Comércio Exterior; e Elías Jaua Milano, da Economia Popular; e a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins. O documento prevê projetos de cooperação no âmbito da economia solidária e popular, entre as duas esferas de governo.

A carta estabelece, por exemplo, que a Venezuela e a Prefeitura de Fortaleza irão trabalhar juntas no desenvolvimento de programas sociais e produtivos de economia. A Prefeitura e o Ministério venezuelano da Economia Popular, com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, também vão formar um grupo técnico para elaborar um plano estratégico de cooperação na área da economia solidária. Lia Cavalcante, da Assessoria Internacional da Prefeitura, informa que, entre 23 e 24 de janeiro, quando Luizianne estiver no Fórum de Autoridades Locais, na Venezuela, deve ser marcada a primeira reunião desse grupo de trabalho.

As autoridades venezuelanas também se reuniram, à tarde, com o presidente da Assembléia Legislativa e governador em exercício, Marcos Cals. Em seguida, Márques e Jaua estiveram com empresários, na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Os encontros abrem perspectivas de novos negócios entre Ceará e Venezuela e de ampliação do comércio bilateral. Conforme a Fiec, o Ceará exporta para Venezuela cerca de US$ 21,4 milhões por ano em produtos, entre os quais tecidos de algodão, margarina, calçados e couro natural. Em contrapartida, o Estado importa US$ 25,8 milhões em produtos como querosene de aviação, óleos brutos de petróleo, gaxetas e juntas. A Venezuela é o 10º maior destino das exportações cearenses.

O ministro Gustavo Márquez disse que o governo Hugo Chávez está empenhado na integração com o Brasil e a região Nordeste, mas destaca que esta deve ocorrer não somente no nível comercial, mas também social e político. A escolha de Fortaleza como um dos roteiros da visita governamental, justifica Márquez, é pelo fato da administração de Luizianne ”ser comprometida com um processo de transformação social, política e econômica´´. Vale lembrar que, na quinta-feira, os ministros da Venezuela estiveram em Pernambuco para reuniões com empresários e lideranças políticas daquele estado, como o governador Jarbas Vasconcelos.

Márquez afirmou que também estará levantando as potencialidades de negócios e de intercâmbios comerciais com o Ceará. Ele detalhou que há oportunidades no turismo, indústria e extração de minerais, além de parcerias entre os setores públicos. ”A Venezuela está sendo seletiva nas suas importações´´, alertou.

Conforme o secretário de Desenvolvimento Econômico de Fortaleza, José de Freitas Uchoa, a posição territorial do Estado (de proximidade) com relação à Venezuela contribuirá para esse estreitamento comercial. Para ele, além do turismo, o artesanato é um dos produtos locais que podem interessar aos venezuelanos.