Fonte: Jornal O Povo (enviado por Lycia França/ PACS – comunicacao@pacs.org.br)

Com contribuição de Joaquim/ Banco Palmas – bancopalmas@uol.com.br

Em uma grande e linda festa em praça pública, sob o sol escaldane do Vale do Acaraú, no interior do Ceará, foi lançado ontem o Banco Solidário de Sanrana do Acaraú (Banco BASSA). O BASSA criou as Moeda Social SANTANA que ja circula livremente no município e nos assentamentos. A propriedade e gestão do Banco é do Forum dos Assentamentos de Santana do Acaraú.

O município de Santana do Acaraú, a 228 quilômetros de Fortaleza, inaugurou (no dia 03 de novembro) o seu Banco Solidário e uma moeda local, o Santana. A iniciativa é fruto da articulação do Fórum dos Assentados de Santana do Acaraú e do Incra. Com o lançamento, o Brasil conta com oito bancos comunitários.

”Bom dia! Eu queria um empréstimo de 50 santanas.”

Esse deverá ser um diálogo comum para os moradores de Santana do Acaraú que, a partir de hoje, poderão utilizar os serviços do Banco Solidário de Santana do Acaraú (Bassa) e a moeda local, denominada Santana, lançada esta semana durante a 20ª Feira Municipal de Santana do Acaraú (Femusa).

O Bassa se propõe a ser um banco comunitário que trabalha com moeda social, gerenciado pela comunidade e voltado para a população mais pobre. Ele é fruto da articulação do Fórum dos Assentados de Santana do Acaraú, organização que representa 13 assentamentos e 900 famílias assentadas, e da idéia proposta do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra) de implementar mais um banco solidário no Ceará.

”O banco surge com a mesma filosofia do Banco Palmas de trabalhar com economia solidária, ajudando na comercialização dos produtos dentro do município, gerando emprego e renda”, diz o coordenador do Banco Palmas, Joaquim Melo.

O presidente do Banco Bassa, Valceli Cordeiro, que é também agricultor, explica que Santana do Acaraú sofre por causa da atração que Sobral exerce sobre o comércio na região. ”O nosso dinheiro é todo gasto lá, enquanto temos os mesmos produtos pelo mesmo preço aqui”, diz. Com a moeda social, a circulação que fica restrita aos limites da cidade deverá incentivar as pessoas a comercializar e consumir dentro do município, aquecendo a economia local, gerando emprego e renda.

O lançamento do Bassa se dá no dia do aniversário de Santana do Acaraú e último dia da Femusa, hoje. A feira começou com a venda de produtos dos assentados e demais habitantes, apresentações culturais e festa. A população já pôde utilizar na feira a nova moeda, a Santana, trocada por reais no próprio local. Cada S$ 1 pode ser trocado por R$ 1. São 2 mil cédulas circulando, devendo atingir 15 mil até dezembro.

Valceli Cordeiro explica que Santana do Acaraú é um município com 26 mil habitantes e com altos índices de pobreza. Entretanto, desde janeiro a prefeitura compra cinco produtos dos assentados para a merenda escolar da cidade, o que fez chegar às mãos dos agricultores R$ 83 mil até junho e que deve, até dezembro, disponibilizar mais R$ 147 mil.

O coordenador do Banco Palmas revela que há uma discussão com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) para articular uma rede nacional de bancos comunitários. Com o lançamento do Bassa, o Brasil contará com oito empreendimentos do tipo: dois no Espírito Santo, um na Bahia, um em Pernambuco, um no Rio Grande do Sul e três no Ceará.

O Fórum dos Assentados de Santana do Acaraú contam com o apoio do Incra-CE, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da ONG Terra 3, do Banco Palmas e da Prefeitura do Município de Santana do Acaraú.