Autora: Marcela Rebelo (Repórter da Agência Brasil)
Brasília – Até domingo (2), cerca de 500 expositores participam da segunda edição da Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária. São agricultores familiares, assentados da reforma agrária, pescadores artesanais, extrativistas, indígenas e quilombolas que poderão vender seus produtos no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília. O Ministério do Desenvolvimento Agrário, organizador da feira, espera um público de até 80 mil pessoas.
Entre os expositores, está o trabalhador rural Ednor Targino, do assentamento Muluguzinho, em Mossoró (RN). Conhecido como Galego, o trabalhador cria 70 cabras e utiliza o excedente do leite de cabra para fabricar rapadura. “Em vez de cana-de-açúcar, utilizo leite de cabra e açúcar comum”, explicou o assentado da reforma agrária. Ele disse que participa de uma rede de economia solidária em Mossoró chamada Xique-Xique. “É um programa que a gente deixa os produtos e depois só vai buscar o dinheiro. A gente não se preocupa com venda, com nada”, revelou Galego.
Para ele, a venda pela rede Xique-Xique possibilita que o valor do produto seja mais justo. “Se eu pegasse a rapadura e vendesse para uma pessoa em Natal, por exemplo, não seria por um preço justo, porque o atravessador já iria ganhar dinheiro em cima dela. E eu botando lá, não. O que eu recebo é o preço pelo qual foi vendida”, afirmou. Segundo ele, a rapadura já é bastante conhecida e vende 100 unidades em Mossoró e 150 em Natal semanalmente. “Já foi rapadura dessa para Alemanha e até para a Itália”, ressaltou.
Galego afirmou também que está feliz em participar do Programa Nacional de Apoio a Agricultura Familiar (Pronaf) do Ministério do Desenvolvimento Agrário. “Quando cheguei em Muluguzinho, eu só tinha um Jipe velho. Hoje eu tenho em torno de 70 cabras e uma fabricazinha lá. Isso foi conseguido com meu trabalho, dentro da agricultura familiar”. Na feira, as rapaduras de leite de cabra são vendidas por R$ 2.
Para o secretário nacional da Agricultura Familiar, Valter Bianchini, a feira é uma oportunidade da sociedade conhecer o que é produzido no país. “É um momento de fazer uma ponte entre tudo isso que a agroindústria familiar está produzindo e as populações urbanas para mostrar os produtos orgânicos, naturais, coloniais – tudo aquilo feito de um modo muito artesanal e especial”, destacou o secretário.
O ingresso da feira custa R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia), valor que será revertido para o Programa Fome Zero. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, 60 mil pessoas visitaram a primeira edição da feira, no ano passado, quando os expositores venderam R$ 1,2 milhão em mercadorias. A média foi de R$ 3 mil a R$ 3,5 mil para cada expositor.