Fonte: Cristiane Ribeiro, da Agência Brasil, 24/5/2005 (www.radiobras.gov.br)

Existem 13,8 milhões de trabalhadores brasileiros na informalidade. Eles são quase 25% do total da população ocupada no país e a maioria (60%) está na faixa dos 18 aos 39 anos de idade. Levantamento divulgado nesta quinta-feira (19 de maio) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, apesar de não terem salário fixo ou carteira assinada, 84% dos camelôs, taxistas, catadores de lixo, motoristas de vans e kombis e donos de pequenos negócios querem continuar na informalidade. A pesquisa, realizada em 2003, mostra que os homens passaram a trabalhar por conta própria para fugir do desemprego, enquanto as mulheres entraram para a informalidade para complementar renda.

O comércio, os serviços de reparação e a construção civil são os preferidos dos informais. Mas são os camelôs que aparecem disputando espaços nas calçadas e vendendo todo o tipo de produto, inclusive alimentos, como é o caso de Alexander Jesus da Silva, de 26 anos. Eletricista desempregado e com o ensino médio concluído, ele resolveu armar uma mesinha de bar em uma calçada em Bangu, na zona oeste da cidade, e vender salada de fruta com sorvete. Segundo o jovem, o lucro chega a R$ 1.500,00 por mês, o suficiente para sustentar a mulher e duas filhas.

"Depois que fui demitido ficou muito difícil arrumar emprego com carteira assinada, mas como precisava trabalhar, minha mulher começou a fazer salada de fruta para eu vender na calçada. Aí passamos a colocar o sorvete e agora muita gente experimenta e acaba virando freguês", revelou Silva.

Segundo a pesquisa do IBGE, de 1997 a 2003 o número de trabalhadores na informalidade cresceu 8% e o número de empresas no setor cresceu 9%. Em 2003, o setor faturou R$ 17,6 bilhões, montante inferior à cifra atingida seis anos atrás, de R$ 20,07 bilhões. Houve queda também nos lucros, mas assim mesmo 70% dos informais utilizaram parte dos lucros de exercícios anteriores para novos investimentos.

"O crescimento do setor, de certa forma, ajudou a diminuir a pressão sobre o mercado de trabalho formal, já que são menos 13,8 milhões de pessoas nas filas a procura de emprego. No entanto, a informalidade deixa o trabalhador sem proteção social, pois o número de trabalhadores por conta própria ou de pequenos empregadores que pagam a Previdência Social, é muito pequeno. Sem falar nos rendimentos que são mais baixos e na jornada de trabalho, que também é maior", explicou a economista do Instituto e responsável pela pesquisa, Amanda Duarte Mergulhão.

A pesquisa foi realizada em cerca de 55 mil domicílios de todos os estados brasileiros.

A pesquisa está disponível em: www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=366&id_pagina=1