Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2005
Em termos de área plantada com sementes transgênicas, a liderança no mundo é dos Estados Unidos, com participação de 59%. Em segundo lugar está a Argentina, com 20%. Canadá e Brasil aparecem na terceira posição com 6%. A lista faz parte de uma pesquisa divulgada ontem pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). A autora do estudo, Simonetta Zarrilli, acredita que o Brasil está rapidamente se tornando o maior produtor de soja transgênica do mundo, o que leva a suspeitas que já havia sementes modificadas no país antes da aprovação da lei em 2003 [sic]. Os chineses, que estão desenvolvendo novas tecnologias, já contam com 5% dessas sementes.
Segundo a Unctad, a área plantada com sementes transgênicas foi multiplicada em 47 vezes desde 1996 e hoje chega a 81 bilhões de hectares distribuídos em 17 países e envolvendo 8,2 milhões de agricultores. Essa produção movimenta US$ 4,7 bilhões por ano e mais de um terço dela está nos países em desenvolvimento. Em 2004, 54% das sementes modificadas eram de soja, 28% de algodão e 14% de milho.
Mas a ONU alerta os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, a não considerarem só as possibilidades de exportação de produtos agrícolas ao tomarem decisões sobre autorizar ou proibir o uso de sementes transgênicas. O estudo da Unctad admite que os países em desenvolvimento contam com uma estreita margem de manobra para definir sua estratégia sobre transgênicos.
A Unctad reconhece que a nova tecnologia é um desafio a mais para os países emergentes, que precisam definir estratégias. O que é recomendado pela agência, porém é que o debate em cada país não se limite às considerações de comércio exterior, mas que leve em consideração as necessidades de alimentar a população interna, os riscos para o meio ambiente, questões de saúde e outros fatores.
O que ocorre atualmente é que muitos países tomam decisões de plantar ou não sementes transgênicas tendo em vista suas oportunidades comerciais. No caso dos países mais dependentes do comércio com a Europa, a tendência tem sido a de se preservar livre de sementes transgênicas, pois os europeus apresentam resistências em importar produtos geneticamente modificados.
No caso do Brasil, Simonetta informa que alguns compradores de óleo de soja do exterior, que querem evitar produtos transgênicos, estão optando pela produção da região Nordeste do país, onde a presença de soja geneticamente modificada é bem menor que no Sul e Centro-Oeste.