Fonte: Adital – 05/05/05 (www.adital.org.br)

Adital – Um estudo elaborado pela Aliança Chilena por um Comércio Justo e Responsável (ACJR) concluiu que a situação trabalhista das mulheres chilenas está deteriorada em sua qualidade. O estudo que foi entregue à Comunidade Européia (CE) e à Organização Internacional do Trabalho (OIT) propõe uma cláusula de gênero para "todos os compromissos econômicos internacionais, que assegure o acesso pleno das mulheres a políticas de desenvolvimento social, e igualdade de gênero".

O estudo foi proposto pelo programa "As Mulheres Falam", que objetiva estimular o desenvolvimento econômico, a relação entre mulher e comércio, e melhorar as políticas comerciais da União Européia (UE), que afetam a vida das mulheres no Terceiro Mundo. O informe mostra que, apesar de as mulheres atuarem em diferentes áreas, estão na base da pirâmide econômica, com atividades pouco rentáveis e com altos níveis precariedade.

No Chile, o estudo apurou que existe uma deteriorização geral das condições trabalhistas, principalmente em empregos relacionados com exportação. Em pior situação estão as trabalhadoras da agricultura e da indústria do salmão. As da agricultura não pertencem ao sistema de pensões e não têm proteção de saúde ou de indenização, e não recebem pagamento pelas férias. "Imperam empregos locais, mal pagos e sem nenhuma proteção social. As trabalhadoras não sabem quando começaram a trabalhar, nem quando terminaram, tampouco a duração da relação trabalhista, assim como não sabem o total de suas remunerações" disse o informe.

A indústria do salmão, que possui, em seus postos de trabalho, 70% de mulheres, tem condições de trabalho deficientes; 80% das trabalhadoras recebem o salário mínimo, estão em situação de trabalho instável e carecem de benefícios sociais. O estudo acrescenta que "o trabalho na indústria de salmão é feito de pé. Elas permanecem paradas de oito a 16 horas diárias. Suas jornadas são tremendamente longas e estafantes". As condições de higiene são deploráveis, os banheiros e refeitórios são sujos e insalubres, e o nível de tóxico devido à água clorada é muito alto.

As 48 horas semanais que a legislação trabalhista chilena permite não é respeitada pelas empresas exportadoras, "em que as trabalhadoras devem trabalhar, até que termine o ciclo completo do processo de produção, muitas vezes, de até 14 horas diárias". O estudo acrescenta que a agenda mundial do livre comércio conduziu, especialmente em regiões da América Latina, Ásia e África, a informalização da atividade trabalhista, com o crescimento do trabalho independente e a feminização do desemprego, pois recebem baixos salários em empregos precários e muitas vezes ocupam-se de trabalhos domésticos não remunerados.