Autor: Carlos Henrique (clubedetrocas@ig.com.br)

Estamos conversando com vários empreendimentos solidários, apresentando uma proposta de construção de uma Rede de Trocas Entre Empreendimentos Solidários na Cidade de São Paulo e grande São Paulo. Dentro desta proposta, estamos orientando os empreendimentos solidários que aderirem a esta proposta, para que ofereçam dentro da rede apenas uma parte de suas produções de produtos, serviços e saberes, podendo ser explorado a capacidade ociosa do empreendimento solidário. Por exemplo, fizemos um contato com o Centro de Formação Profissional Padre Leo Commissari, entre os 36 empreendimentos que o Centro acompanha, além dos 300 alunos da escola.

Um dos empreendimentos solidários desta escola é uma padaria e sua capacidade é de 3000 pãezinhos por dia, porém sua produção é de 1000 pãezinhos, capacidade ociosa 2000. Se hoje este empreendimento produzisse 3000 pãezinhos, ela perderia a produção de 2000 pãezinhos, por não ter consumidores com dinheiro para comprar esta capacidade ociosa. As trocas para este empreendimento podem ser uma alternativa para aumentar a produção de seu empreendimento.

Entre as trocas possíveis poderíamos propor a troca com alguns mercados, onde a padaria oferece pãezinhos e receberia em troca matéria prima para produzir os 3000 pãezinhos, ficando a capacidade ociosa os 2000 destinados às trocas e os 1000 pãezinhos que são negociados em dinheiro, seria destinado parte para a distribuição de rendimentos entre os cooperados que trabalhão na padaria e a outra parte para o pagamento dos custos que ainda não temos como trocar, que são água, luz, telefone, impostos.

Como podemos perceber, não estamos inviabilizando os empreendimentos solidários, pois não estamos impedindo que os empreendimentos deixem de negociar em dinheiro: estamos propondo aumentar a capacidade economia do empreendimento utilizando as trocas como potencial econômico. Nosso entendimento é que não devemos nos limitar somente as negociações com o intercâmbio utilizando o dinheiro oficial, temos que propor outras alternativas, e as trocas não são uma novidade, é o modelo econômico que existe desde o inicio da humanidade, funciona no presente, pois o que vivemos são negociações de trocas intercambiadas por dinheiro, e no futuro teremos as trocas intercambiadas por outros instrumentos como exemplo os cartões de débito e crédito.

O que já se realizou neste objetivo de potencializar as trocas entre os empreendimentos solidários: histórico de 7 anos no Brasil, com aproximadamente 100 clubes distribuídos em 10 estados brasileiros, onde recebemos apoio ao potencial das trocas. Como exemplo vale citar a Igreja Católica na Cidade de Curitiba/PR, que colocou à disposição alimentos, espaço comunitário, Assistente social e estagiários pagos pela igreja para coordenar as atividades de clubes de trocas: só nesta cidade já são 35 clubes de trocas.

Junto ao Fórum de Economia Solidária da Cidade de São Paulo, já foram realizadas III Feiras de Economia Solidária, com feira de trocas, entre sócios de clubes de trocas, visitantes da feira e a participação dos empreendimentos solidários. Neste último ano tivemos a criação da Moeda Social EcoSampa, custeada pelo Fórum Municipal.

No FSM 2005, foram realizados dois mercados de trocas e dois EcoBancos, envolvendo empreendimentos solidários que aceitavam a moeda social, chamada então de Txai, que quer dizer "Metade preciosa de mim – Metade de mim em você", termo tirado da cultura indígena Kaxinawa.

Onde já contamos com o apoio à proposta das trocas potencializando a economia solidária?

Abaixo alguns exemplos:

  • Igreja Católica na Cidade Curitiba no Estado do Paraná.
  • Banco Palmas. Os fundadores deste Banco Joaquim e Sandra, se denominam como um grande clube de trocas, onde o banco que eles coordenam movimenta crédito em dinheiro e em moeda social, 10% dos salários de seus colaboradores é pago em moeda social.
  • SENAES, que garante para o Brasil os financiamentos de todas as despesas para se realizar feiras de trocas nas feiras de economia solidária em todo território Brasileiro, e entre as despesas está a confecção da Moeda Social. Com este apoio, já há uma equipe no Rio Grande do Sul para realizar o Mercado de Trocas na Feira Internacional de Santa Maria/RS prevista para julho deste ano.

Empreendimentos solidários de outras cidades que desejem saber mais sobre a Rede de Trocas Entre Empreendimentos Solidários, podem escrever, infelizmente não tenho recursos financeiros para custear viagens para fora da cidade de São Paulo e grande São Paulo, porém pela internet podemos trocar informações.