Por Secretaria de Cidadania e Desenvolvimento Cultural / Minc (http://www.cultura.gov.br/)

Banco realiza uma média anual de 50 empréstimos sem juros para a viabilização de projetos culturais da comunidade em que atua

Tecnologias inventadas ou aprimoradas nas favelas brasileiras servem de inspiração para dar escala e criar políticas públicas de cultura que atendam a novas necessidades e urgências do setor cultural. O Banco Comunitário União Sampaio, localizado no Campo Limpo, região do Capão Redondo, em São Paulo, é uma das iniciativas que traz essas soluções. Nesta sexta-feira (24), o banco completa seis anos de atividades com serviços prestados a cerca de 100 empreendimentos locais e uma média anual de 50 empréstimos sem juros para a viabilização de projetos culturais da comunidade em que atua.

“Pedi a colaboração do Banco União Sampaio para divulgar o meu disco e acabou virando uma parceria bem maior. Apresentei um planejamento para o financiamento e o investimento do Banco foi de 100% do meu disco, que está sendo lançado este ano”, conta o músico Vitor Trindade. “A contrapartida era que o montante arrecadado em cada show que eu fizesse fosse retornado ao Banco até pagar tudo. Mesmo já tendo finalizado essa parte do processo, continuamos a parceria, ou seja, eles continuam divulgando o meu trabalho e eu continuo retornando para eles porque considero um trabalho essencial. Tudo foi feito sem a menor burocracia e sem juros”, completa o músico, que conta com extensa agenda de shows no Brasil e na Europa.

Um dos gestores do banco, o ativista e produtor cultural Rafael Mesquita considera que, na periferia urbana, a juventude tem superado a pobreza, o racismo e a exclusão por meio da solidariedade. “A própria cultura como modo de vida faz a revolução econômica e implementa tecnologia da informação nos serviços oferecidos. Confiança e respeito também são moedas por aqui”, afirma. “Os trabalhadores do Banco são integrantes da própria comunidade, o que gera uma outra forma de atendimento, mais humana e pessoal, diferente do atendimento dos bancos convencionais”, completa.

E-dinheiro

O funcionamento do banco é simples. Quem produz shows, faz artesanato ou tem um equipamento de som ou uma peça de teatro a apresentar disponibiliza o serviço para o Banco União, que o oferece a grupos culturais locais. Cada vez que o serviço é utilizado, o realizador ganha créditos que podem ser utilizados na produção de outros bens e serviços.

Outra modalidade de acesso a recursos é o empréstimo. Os créditos em consumo são concedidos em moeda social sem juros, de forma a propiciar uma sinergia entre os créditos produtivos concedidos e os créditos de consumo. A aprovação dos créditos solicitados ao banco ocorre com o aval das pessoas da comunidade, que conhecem quem está solicitando o crédito, e com a participação dos trabalhadores do banco no Conselho de Análise de Crédito (CAC).

Essa engenharia de trocas, que antes era feita com cédulas, agora também pode ser feitas pelo celular. A Rede Brasileira de Bancos Comunitários, em parceria com a empresa de tecnologia MadApp, construiu um aplicativo que permite a circulação financeira voltada para o desenvolvimento local. A comunidade Jardim Maria Sampaio foi a primeira a utilizar o recurso e cerca de 2% de toda a movimentação financeira é revertida diretamente para ações coletivas da comunidade.

A Rede Brasileira de Bancos Comunitários reúne 107 instituições com um objetivo principal: democratizar recursos por meio do desenvolvimento de arranjos produtivos locais, possibilitando o acesso a serviços financeiros de qualidade para a comunidade.

Comemoração

Nesta sexta-feira, será realizada festa em comemoração aos seis anos do Banco Comunitário União Sampaio. O evento contará com a presença de secretário Nacional de Economia Solidária, Paul Singer, do economista Ladislau Dowbor, e da presidenta do Ponto de Cultura União Popular de Mulheres do Campo Limpo e Adjacências, Neide de Fátima Martins Abatti, entre outros.