Fonte: Cáritas Brasileira (caritas@caritasbrasileira.org)

Cerca de quatro mil pessoas acompanharam a marcha de abertura do II Fórum Social Brasileiro, em Recife (PE), no dia 20 de abril, segundo a organização do Fórum.

Abrindo a marcha, crianças e adolescentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os Sem Terrinha, gritaram palavras de ordem e exibiram faixas e cartazes que lembram os dez anos do massacre em Eldorado dos Carajás (PA), quando uma operação da Polícia Militar matou 19 trabalhadores rurais sem-terra e deixou 69 feridos. Dez anos depois, 144 policiais indiciados foram absolvidos e apenas dois comandantes condenados. Nenhum deles está preso. “Infelizmente essa tragédia faz parte da nossa história, eu era bem pequena, mas isto também nos tem sido passado para que não seja esquecido”, declarou a adolescente Mônica Maria dos Santos, de 13 anos, integrante dos Sem Terrinha.

Acesso à terra também foi um assunto lembrado na Marcha. Para Aglenilson Souza, ligado ao MST da cidade de Tamboril, no semi-árido cearense, a questão agrária é primordial para o trabalhador rural para a conquista de outros direitos como a água. “Só com a reforma agrária as pessoas do Semi-Árido vão poder ter projetos para diminuir o sofrimento do povo, como cisternas, açudes, cacimbão”, opinou Souza.

Uma confusão envolvendo a Polícia Militar de Pernambuco terminou em tumulto, na reta final da marcha. O coordenador do MST-PE, Jaime Amorim, foi baleado de raspão na mão durante a confusão. De acordo com informações de testemunhas, a agressão partiu de um capitão da Polícia Militar, até o momento não identificado, que chegou a ser agredido pelos integrantes da passeata. Ainda segundo testemunhas, o tumulto teria iniciado quando três policiais tentavam prender dois homens que estaria infiltrados na passeata para praticar assaltos. Alguns integrantes do MST consideraram a ação dos policiais truculenta e reagiram.

Fórum Social

O Fórum aconteceu de 20 a 23 de abril, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com a realização de oficinas, palestras e apresentações artísticas. O tema deste ano foi “Caminhos para um outro mundo possível – a experiência brasileira”. Mais de 300 atividades foram inscritas pelas organizações nas quatro áreas de diálogo do Fórum: os sujeitos políticos e suas relações, os projetos de desenvolvimento alternativo ao neoliberalismo, alternativas de integração solidária e democratização do Estado.

A Rede de Políticas Públicas da Cáritas Brasileira promoveu uma oficina na área de mobilizações cidadãs, abordando temas como a Área de Livre Comércio da América (Alca) e a Auditoria da Dívida Externa. Já o Regional NE2 (PE, PB, AL e RN) da Cáritas promoveu, no dia 21, uma oficina sobre economia popular solidária para apresentar as experiências das feiras agroecológicas (Paraíba), apicultura (Pernambuco e Paraíba) e bancos comunitários de sementes (Alagoas). Participaram dessa atividade representantes das entidades-membro do Regional NE 2, beneficiários e os demais participantes do Fórum.

O coordenador do Programa de Convivência com o Semi-Árido (PCSA), Luiz Cláudio Mandela, participou da oficina promovida pela Articulação do Semi-Árido (ASA Brasil) sobre o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). A assessora de políticas públicas, Dalila Pedrini, das oficinas sobre a auditoria da dívida, comércio e militarização; Organização Mundial do Comércio (OMC), além de atividades relacionadas a políticas públicas.