Por José Carlos Zanetti*
Senhores eleitos pelo povo e pelo povo observador,
Olhem só na lista abaixo o tamanho do absurdo conflito provocado pelo gestor governamental de plantão, ao desprezar a pedagogia de um dos mais exitosos programas públicos tocados pela formidável rede social – uma verdadeira teia de pequenas e grandes articulações coordenadas pela ASA. Um programa que, inclusive, recebeu de Lula – centenas de milhares de cisternas depois – o Prêmio Direitos Humanos. Agora desprezado em nome de “metas” e ainda reverberando o charmoso termo “segurança hídrica”, injustamente menosprezando quem mostrou o caminho. Cabeça arrogante de quem prefere apoiar-se no milagre corporativo de empresas de ocasião.
Será que neste caso valerá a experiência mínima de 3 anos no “negócio” das cisternas? Não se trata, no âmbito da ASA, de grupos institucionalizados tratando de proteger “reserva de mercado”, mas de quem inventou, construiu e protagonizou socialmente uma estratégia local de convivência com o semiárido, e hoje em pleno estado de mobilização social. Por traz de cada associação ou cooperativa, sindicato ou federação, grupos de famílias ou de cada liderança comunitária, existe em comum um projeto de sociedade, de um novo “bem viver”, de eleitores-cidadãos que pela tradição na educação popular ou internetemente ao conquistarem sua inclusão digital, darão seu troco no processo da luta política.
A miopia é tanta, que o esperto estrategista desta alternativa de cisternas plásticas (que poderia ser testada concomitantemente ao comprovado e mais barato sistema de placas, e até mesmo experimentando a inovação tecnológica em pilotos com empresas do ramo, sem tirar o protagonismo e a comprovada competência da ASA), não se dá conta do quanto está perdendo politicamente ao se desgastar com atores politicamente maduros, calejados por anos de tinhosa luta sertaneja em defesa de um Nordeste que já está dando certo – porque mais justo, democrático e sustentável.
Que o momento natalino ilumine no govenante o exercício da humildade, que antes de empinar o nariz, de se portar como juiz, aceite-se aprendiz.
A campanha lançada nacionalmente em novembro pela Articulação do Semiárido (Asa Brasil) tem o objetivo de alertar a sociedade brasileira sobre o impacto e efeitos negativos da disseminação de cisternas produzidas com plástico/PVC para o fortalecimento da estratégia de convivência com o Semiárido, no qual as organizações que fazem a articulação têm investido seus esforços nos últimos anos.
A Cáritas Brasileira é uma das instituições que atuam junto a Asa Brasil.
*Assessor de projetos e de formação da CESE.