Fonte: www.unemat.br
Setenta e dois acadêmicos vindos de assentamentos da reforma agrária iniciaram dia 16 de janeiro o segundo módulo do curso especial de Agronomia da Unemat destinado exclusivamente a integrantes de Movimentos Sociais do Campo.
A aula inaugural, realizada no auditório do Emaj em Cáceres, deu as boas vindas aos alunos e reafirmou um diferencial do curso: a formação com ênfase em Agroecologia e Sócio-economia Solidária.
A graduação é pioneira no país na oferta de qualificação a este público específico. “Este é um espaço revolucionário”, declarou na cerimônia de abertura o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Laudemir Zart. A turma traz mudanças para a estrutura da Universidade. “Não forma pessoas para serem iguais, mas forma para as diferenças. A Unemat consegue abrigar e respeitar essas diferenças de um público com necessidades específicas”, afirma. O curso é estruturado em regime de alternância. O cronograma das atividades divide-se em “Tempo universidade” e “Tempo comunidade”. Dessa forma, as aulas presenciais são desenvolvidas em Cáceres e, posteriormente, os alunos retornam ao seu local de origem, onde vão aplicar o conhecimento acadêmico. O saber é construído para responder às necessidades e aos problemas das regiões atendidas. “Esse profissionais voltarão mais capacitados para as suas comunidades, melhorando a qualidade de vida local”, afirmou o coordenador Abdala Untar. Por ser um curso inovador, é constantemente reconstruído. “O saber científico não pode se sobrepor àquele construído socialmente, nas vivências comunitárias do dia-a-dia”, pontua Nilce Maria da Silva, coordenadora do Campus de Cáceres. O programa é desenvolvido pela Unemat, com apoio do Incra, Pronera e Faespe. A coordenadora pedagógica, Loriege Pessoa Bitencourt, lembrou que a Universidade do Estado de Mato Grosso guarda em sua história características que permitiram que fosse a instituição a acolher este curso. “Norteada por princípios como compromisso social e democracia, a Unemat desenvolve suas ações voltadas ao atendimento das necessidades da população e à socialização dos benefícios educacionais”. A turma denominada “Herdeiros da Cultura Camponesa” é composta por representantes de 4 movimentos sociais do campo: Movimentos dos Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Comissão Pastoral da Terra (CPT), de origem de 7 Estados brasileiros. Uma experiência única: Uma mística de abertura celebrou valores do campo, como trabalho, família, terra e o estudo. “Estar na Universidade representa uma conquista para a gente. O objetivo desse curso é a formação para a vida e para a liberdade do povo” explicam Rejane e Milaine, duas jovens componentes da equipe de mística, com respectivamente 19 e 20 anos. “O caminho percorrido para que estivéssemos aqui hoje foi traçado com dificuldades”, lembra o agrônomo Misael Barreto, integrante do MST. Até o mês de março, o acadêmico que veio de Araputanga vai compartilhar o alojamento com os colegas e afirma que o aperfeiçoamento humano e profissional será uma grande recompensa. “A estrutura do curso valoriza a nossa prática social. O contato com a família rural e pequenos agricultores permite que a gente compreenda melhor o conhecimento da universidade”. Na mesa de abertura estiveram presentes o Prof Laudemir Zart, Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG), Hélio Marcio Gonçalves, representando a Pró-reitoria de Ensino e Graduação (PROEG), Nilce Maria da Silva, coordenadora do campus de Cáceres, Abdala Untar, coordenador do curso, Profa. Loriege Pessoa Bitencurt, coordenadora pedagógica, Altamiro Stochero, representante do MST e Via Campesina, Adalberto Martins, setor de meio ambiente e cooperação do MST nacional, e James Frank Mendes Cabral, do FASE.